Kestder

Capitulo 7

Três dias adiante criados do Reino de Ruthern chegaram ao Palácio dos kestder, anunciando o futuro jantar, que reuniria todos os nobres dos três reinos, eventos para manter as aparências e toda a elegância na nobreza arrogante.

A notícia chegou a Hally ainda no café da manhã, enquanto comia calmamente uma torrada. Era fato o ódio que sentia sobre tais eventos, principalmente quando acontecia dias após ser punida, como castigo seu pai mais ma vez, cravada em sua pele um amuleto que restringiria todo seu dom, a deixando vulnerável ao lado dos outros nobres e herdeiros. Sem contar a agonia de ter reprimido tudo isso.

Passará o resto dia organizando suas coisas esperando o anoitecer, para sair junto a caravana de seus pais rumo a Ruthern.

[...]

— Princesa, quanto tempo. — Um sorriso sedutor surgiu nos lábios carnudos, do rapaz.

— Realmente Mateo faz muito tempo, vejo que o tempo lhe fez bem.

O rapaz era consideravelmente mais alto que Hally, sua pele morena cintilava a luz da lua, junto a seus cachos bem definidos que balançavam conforme os movimentos do nobre. Mateo Panoúrgos, herdeiro de uma família nobre de Mondlear, muito influente e sagaz, seria seu acompanhante no baile, sempre se deram bem, e a tensão entre ambos tornava a convivência extremamente prazerosa.

Entrando em sua esposa carruagem, o jovem nobre se sentou a sua frente, com semblante curioso, tinham muito a conversar, e pôr em dia, já que Mateo passara 2 anos viajando com o conselheiro de seu pai, para aprender sobre os 19 reinos que ficavam entre Mondlear e Towserc, se preparando para assumir a chefia da família, tendo em vista que seu pai se encontrava doente.

— Como foi Mateo? Encontrou uma doce camponesa se apaixonou e quer casar com ela — Disse com intenção de provocá-lo, soltando uma risada nasal.

— Seria incrível, mas não estou interessado em estrangeiros, quero alguém de meu próprio reino. — Dizia enquanto mantinha o olhar fixo nos olhos brilhantes da Herdeira.

— Realmente existe muita burocracia para se casar com estrangeiros, principalmente sendo um nobre.

【...】

Ao cair da noite, o clima esfriava cada vez mais, a herdeira não contava mais com seu dom para a aquecer, mas não queria mostrar fraqueza não em frente a Mateo, e seu pai sabia disso. Com o passar do tempo foi impossível conter os tremores, seu corpo latejava com a enorme pressão que sentia, pelo amuleto contendo seu poder. A dor e agonia era tamanha, que seu autocontrole se esvaiu pouco a pouco.

Mateo se sentou ao lado da herdeira, e passou casualmente seu braço esquerdo por cima do ombro de Hally, oferendo seu calor amigável, porém foi obviamente recusado, por uma princesap relutante.

— Não preciso que me aqueça, sou a rainha das chamas, isso soa hipócrita.

— Não é vergonhoso, seu pai tirou seu dom de seu controle de novo não foi? Morrer de frio não vai ajudar, então engula seu maldito orgulho e se aqueça, princesa mimada. Então se contente comigo, como sua fonte de calor temporária.

— Tem sorte de eu não poder usar meu dom, você e esta odiosa caravana seria nada mais que cinzas, a essa altura.

— Não duvido, e é exatamente por isso que tenho tal liberdade, afinal o vai fazer sem seu poder? Me morder?

— Não é uma má ideia.

Os dois riram. E Hally se permitiu desfrutar do calor oferecido pelo corpo de Mateo aninhado a seu, afastando o frio. O bater de dentes foram diminuindo gradualmente conforme seu corpo se aquecia, e se deleitava.

— Às vezes eu não queria ser nobre, fico imaginando como seria se fossemos simples camponeses, trabalhando em uma fazenda e sendo felizes.

— Se você diz. Já eu acredito que você não aguentaria um mês em meio às fezes e excrementos, sem mil mulheres entrando em combustão ao ver sua reserva de ouro, ou sem suas vestes caras e estravantes. Sinceramente parece uma piada, mas a vida mais simples poderia mesmo ser mais feliz.

— Estou esperando os raios e trovões, já concordamos em algo sem discussões. — Disse revelando seu lindo sorriso.

— Realmente, deveríamos criar o clube de nobres inconformados.

Os dois riram, mais uma vez. Eram amigos desde sempre, e essa amizade era uma, das poucas certezas que Hally tinha. E o medo ou a dúvida nunca acompanharam essa certeza.

As estrelas estavam brilhantes no céu, e a luz da lua implacável, a luz chegava aos seus olhos mais uma vez, penetrando as poucas nuvens que insistiam em tentar atrapalhar seu protagonismo. Mas ela contava lá.

As chamas são meu refúgio, e a lua minha luz. Palavras ditas por alguém que levaria sempre  consigo em sua alma e em suas lembranças, a acompanharia para sempre. Em seu coração essa certeza rugia implacável.

Hally sorriu, se deletando com o momento de paz e alegria, que eram escassos. Se permitiu sonhar mais uma vez.

Sendo iluminada e guiada pela lua.

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