Com meus olhos fechados, apenas me concentrava na música que saia dos meus fones.
Eu não queria pensar que estava voltando ao lugar, que por tanto tempo, evitei visitar novamente.
Apenas abri meus lumes negros ao perceber havermos chegado, porém, fiquei um tempo olhando para a casa branca e janelas escuras e por reflexo levei meus olhos em direção daquele que um dia foi meu quarto.
Não sabia o que esperava encontrar ali, percebi um leve movimento da cortina, mas tratei de afastar aquele pensamento de que alguém me fitava de lá, provavelmente alguém deixou aberta para ventilar e movimento fora causado pela brisa.
Suspirei e abri a porta do carro, saindo do mesmo enquanto arrumava a alça da mochila no ombro. Fui até o porta malas e peguei uma das malas.
— Vou pedir para alguém vir buscar o resto de suas coisas, venha sua vó quer te ver.
Minha mãe me chamou, segurando em meu braço com carinho enquanto juntos subíamos os poucos degraus que nos levariam para dentro da casa.
Quando ela abriu a porta, falando algo que não me dei o trabalho de ouvir, foi inevitável não olhar na direção daquele relógio, minha mãe havia me dito que a velharia havia, uma vez mais, parado de funcionar, no entanto, ao me aproximar, vi que os ponteiros se moviam.
— Treco estranho, sentiu minha falta é? — bati com a ponta do indicar no vidro que protegia o relógio. — Pois eu voltei, e agora você não me assusta mais...
— O que você tanto resmungando aí, meu filho? — minha mãe perguntou, se aproximando de mim, me fazendo dar um pulinho.
— N-nada não mãe, apenas checando a velharia, e olha, ele tá funcionando.
Apontei para o relógio, vendo ela se aproximar do mesmo.
— Acredito que ele sentiu minha falta. — Brinquei. — Vou pro quarto, quero organizar ele... — Disse subindo os degraus. — O sótão ainda está trancado?
— Não, retiramos algumas coisas de lá já que ninguém apareceu para reclamar e doamos. Por quê?
— Vou levar aqueles brinquedos lá pra cima, sabe como é, aquela antiga decoração não combina comigo.
Ouvi minha mãe concordar e rir em seguida, dei as costas e continuei a subir.
Quando cheguei no corredor percebi que o mesmo parecia mais escuro, embora o sol brilhasse lá fora, então logo cheguei a conclusão que era devido ao papel de parede antigo.
Respirei fundo e segui para meu quarto, tentando evitar a sensação de ser seguido ou o arrepio que subiu pela minha espinha.
Ignorei e segurando a maçaneta da porta, a abri e entrei. Sério, eu ao menos tinha que manter a pose de homem durão, afinal de contas, — em partes —, sou o homem da casa agora.
Olhei para a bendita janela e vi que ela estava fechada, tratei de ignorar o acontecido, olhando em volta do quarto, tudo estava igual. Muitos brinquedos, e eu tenho certeza que quando criança não cheguei a brincar nem com metade deles.
Caminhei até uma das prateleiras, olhando e tocando alguns, até que encontrei os quadrinhos. Pegando- os caminhei até a cama, me sentando na beirada e olhando edição por edição, até que uma foto caiu de dentro de um deles.
Me agachei juntando a foto do chão, era em preto e branco, e nela um garoto olhava para a câmera, os lábios fartos carregavam um pequeno sorriso, os olhos pareciam duas fendas e embora a roupa fosse um tanto quanto estranha para um garoto, ele realmente era bonito.
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Night Whispers {Jikook}
HororJeon sabia das histórias sobre aquela casa, desde pequeno as ouvia, embora seus pais lhe falassem que era apenas sua imaginação lhe pregando peças a noite, Jungkook não podia deixar de escutar os sussuros proferidos ao pé do ouvido. Anos depois o r...