Capítulo 10

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Dormi muito pouco, porque não consegui deixar de pensar no bilhete que o lobo me tinha deixado. Um lobo não tem capacidades para escrever, por isso, quem me terá escrito o bilhete?

Deixei que a água quente corresse pelo meu corpo, enquanto estes pensamentos corriam pela minha mente.

Vesti-me rapidamente, peguei no relógio do meu pai e nas chaves e saí.

O Justin já estava no centro quando eu cheguei:

- Bom dia, Justin.

Ele sorriu para mim e disse:

- Bom dia, Caroline. Olha, hoje vou dar uma festa em minha casa. Queres aparecer por lá?

- A que horas?- perguntei, sem tirar os olhos do calendário de consultas.

- Por volta da meia-noite.

- Está bem. Talvez apareça.

Fui para o meu escritório e estive durante toda a manhã mergulhada em trabalho, parando apenas para almoçar e dar um passeio pelo pátio do Centro. Á tarde, fui ter com o Sasha:

- Como é que estás, Sasha? Há muito tempo que não te venho visitar, mas tenho tido muito trabalho. Tens andado bem, amigo?- ele apoiou a cabeça no meu colo.

O Sasha podia ser um lobo, mas compreendia-me melhor do que muitos humanos. Tinha ouvido os meus desabafos, tinha sentido as minhas dores, tinha-me ouvido chorar e nunca me julgou. Eu afastei-me do mundo real depois da morte do meu pai, isolei-me de tudo e de todos. Foi nessa altura que criei uma ligação muito especial com os lobos. Eles não deixaram que eu me afogasse na tristeza e na mágoa:

- Sabes, ás vezes, gostava de ser um lobo. Podia falar contigo, saber o que estás a pensar...- dei-lhe um beijo no focinho, que ele retribuiu, muito gentilmente com uma lambidela.

Olhei para o relógio e decidi ir para casa mais cedo, para descansar um pouco e para me preparar para a festa do Justin.

Depois de ter reposto todas as horas de sono que estavam em falta, comecei a preparar-me para a festa do Justin. Escolhi umas leggings pretas e uma sweatshirt cinzenta com umas all stars pretas. Fiz uma trança simples com o meu cabelo e pus uma maquilhagem simples. Estava fiel ao meu estilo.

Peguei nas chaves do carro e segui viagem até casa do Justin. A casa estava cheia de gente, cheirava a álcool e a droga. Arrependi-me logo de ter aparecido, aquele ambiente não era para mim. Eu não me encaixava ali.

No meio da multidão, senti as mãos de alguém a rodearem-me a cintura. Era o Justin:

- Sempre decidiste vir- ele estava visivelmente bêbado.

- Sim, mas vou já embora. Isto não é ambiente para mim. Adeus, Justin.

Ele agarrou-me no pulso violentamente e empurrou-me contra a parede:

- Ainda agora chegaste. Não vás já embora.

- Justin, deixa-me ir embora. Tu estás bêbado- ele estava a magoar-me.

- Tu vais-te calar e vens comigo lá fora- arrastou-me até ás traseiras da casa.

Algo de muito mau iria acontecer.

Under The Moonlight ||Z.M||Onde histórias criam vida. Descubra agora