Quando eu era uma criança pobre costumava ir para a varanda sentir o vento frio vindo da lagoa, olhar para o horizonte e enxergar vários tijolinhos laranjas com listras cinzas
Dentro da minha casa não era muito diferente, os mesmos tijolos laranjas com listras cinzas, mas por algum motivo lá fora parecia mais interessante
Eram fogos, gritos, cantos e fumaçaTodos eram bons e não me incomodavam
As vezes na ausência de luz pela queda de energia eu voltava à varanda de tijolos laranjas para observar
Os mesmos tijolosA luz amarelada das velasAs torres acesas em vermelho ao longeA lua iluminando as ruasAs estrelas piscando no céuEra fogo, era grito, era tiro, era morte, eram passos e perigo
Mas eu ainda sentia o vento bater mais forte.
Nicole Marques – 17 de julho, 2021. (não revisado)
Na cadeira azul sentava uma pobre criança, em suas mãos havia um exame de nível fundamental
A criança olhava para aquelas questões simples tão pensativa e uma específica tomou toda sua atenção
''Descreva como é a sua casa.''
Havia várias coisas para dizer, mas a criança escolheu o mais simples:
''Laranja cor de tijolo e cinza cor de cimento.''
Aquela frase permaneceu em sua mente por vários anos, mas por algum motivo tornou-se algo além de uma resposta engraçada. Não havia nada de poético em laranja e cinza, mas a criança fez nascer poesia naquelas cores.
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A caixa de Pandora | Nicole Marques
PoesiaUma coleção dos meus poemas. ⁙ Ainda não totalmente revisado, você pode encontrar alguns erros gramaticais. ⁙ Há algumas citações sobre sangue em "A Deusa" - Nicole Marques de Araújo Costa.