一 Jeongguk era um garoto triste, embora tivesse uma vida relativamente boa. Estudava em uma escola de ótimas críticas nacionalmente e era parabenizado frequentemente por estar nela através de uma bolsa.
Sua casa era espaçosa e seu quarto até mesmo tinha um banheiro só para si, onde ele se afundava, todas as noites, e assistia a lua brilhar no céu como se estivesse cantando para as estrelas. Seus pais não eram separados e ele era filho único, porque sua mãe sofreu de um grave câncer no útero depois de sua gravidez e, então, teve que retirar o órgão. Tudo era colorido, ou pelo menos era para ser. Só que não para Jeongguk. Para ele, apenas o teto branco de seu quarto já era o suficiente para confortá-lo; as pessoas o assustavam e a realidade do lado de fora também.
Às vezes seu coração batia tão devagar que ele podia sentir-se nas nuvens, e era o que realmente almejava, na maior parte do tempo. E era bom imaginar-se em outra realidade... E ele imaginou tanto que, um dia, quis procurar por ela, se jogando da sacada de sua casa. O garoto fechou os olhos tão rápido que até a dor seguiu o mesmo ritmo, e tudo que pode sentir fora apenas a lágrima solitária esfriando sua bochecha ao entrar em contato com o vento que por ali transitava.
Não esperou que acordaria, embora foi o que aconteceu. Ele passou alguns meses no hospital ouvindo condolências de parentes que nem mesmo conhecia, e apenas agradecia para que aquilo tivesse um fim não muito trágico.
Quando voltou para casa, as coisas pareciam diferentes; pareciam piores. A dor por todo seu corpo o dilacerava, mas ele sorria porque sabia que chorar não era mais uma opção. E viveu assim, sorrindo, até completar 19 anos e ser internado em uma clínica de reabilitação fora do país.
Lá, ele conheceu pessoas que também compartilhavam a mesma angústia e sofrimento, e talvez fosse isso que o tivesse encantado um pouco. Mesmo em silêncio, sua voz gritava, dentro de sua cabeça, e aquilo já era comum até mesmo enquanto algumas garotas flertavam consigo ao que transitava pelos corredores para completar suas tarefas diárias.
Até que, em certa semana, uma nova remessa de pacientes chegou, e Jeongguk estava ali no salão para cumprimentar cada um dos 77 debilitados. Passou por um por um até chegar em Kim Taehyung, um rapaz de olheiras profundas e de íris tão escuras quanto o buraco que reinava dentro de si próprio. Quando seus olhos se encontraram, Jeongguk não sentiu nada, mas era um nada estranho. Taehyung o fazia se sentir estranho, e aquilo era bom. Tão bom que buscou por mais, e quando menos percebeu já, estava obcecado pelo novo garoto.
De alguma forma, dentre os 77 pacientes, apenas ele parecia único. Jeongguk sentia que Taehyung compartilhava a mesma dor que o consumia, e por isso se prendeu a ele, se vendo doente não apenas de corpo e alma mas também de amor; um amor gélido, confuso e palpitante.
E foi aí que ele descobriu que o amor também era capaz de matá-lo quando, ao implorar por socorro, mirou aqueles mesmos olhos que tanto o acalentavam, enquanto o dono dos mesmos manchava as mãos com o calor de seu sangue.
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