Want ⚘ Jikook

⚘ One: Blue&Grey

Jimin era um pássaro em uma gaiola dourada. Ele sabia que era mantido como um lindo pássaro. Um pássaro raro. Ele era um ômega masculino. Ômegas masculinos eram raros e geralmente muito bonitos, mas a beleza de Jimin era de tirar o fôlego; mais uma razão pela qual ele estava escondido dos olhos do público. Quem eram seus pais era outro motivo. Mas falaremos sobre isso mais tarde.

No momento, a única preocupação de Jimin era quem estava derrubando sua gaiola e todo o universo ao seu redor — e como ele sobreviveria. Quem quer que os estivesse atacando, é claro que eles conseguiram entrar nas paredes do palácio em grande número. Gritos de dor e desespero ecoavam pela noite, chegando cada vez mais perto, até que Jimin pôde ouvir o tilintar das espadas, gritos de vitória ao derramarem sangue e gemidos baixos dos feridos.

Então, os sons não se aproximaram, mas se afastaram. Jimin sabia o que isso significava: eles estavam indo para o palácio do rei. Seu meio-irmão estava no trono há pouco mais de um ano. E dada a rapidez com que os sons de luta se moveram, suas chances de sobreviver à noite não pareciam altas.

— Silla! — Hoseok atravessou pela porta, com um grito ofegante: — É Silla nos atacando! Eles são mais do que o exército do nosso palácio. Alguém até viu o príncipe herdeiro chefiar as tropas!

Jimin contemplou o medo e o pânico nos olhos do amigo. Estranhamente, ele se sentia calmo. Ele não podia fugir de seu destino, então ele apenas colocou sua confiança em seu destino para sobreviver à noite — ao contrário do infeliz rei.

— Rápido! Jimin, temos que sair! Todos os ômegas estão evacuando. Eles estão tentando chegar ao templo à beira-mar!

Parecia que outra pessoa acenara com a cabeça, quando Jimin acenou. Suas pernas não pareciam próprias quando ele começou a correr, Hoseok apenas um passo atrás dele. Quando eles alcançaram a casa principal foi puro caos, já que cada uma das concubinas do palácio, que viviam lá, estavam tentando salvar seu próprio couro primeiro.

Era um mau sinal que havia apenas os quatro guardas habituais de plantão, sem reforço à vista. Dois iriam liderar as cortesãs, os outros dois iriam cuidar de suas costas. O grande grupo de ômegas se moveu rápido, mas não em silêncio o suficiente. As saias farfalhavam, uma mulher gritou ao tropeçar e torcer o tornozelo, e uma menina não conseguia parar de chorar e fungar.

Eles passaram por um corredor estreito entre a parede de seu complexo e a parede dos jardins, quando ouviram botas pesadas na frente deles. A adrenalina corria nas veias de Jimin, quando o guarda gritou:

— Para trás! Voltem!

De repente, sua calma se foi e a realidade bateu. O medo começou a se infiltrar em seu sistema, quando ele percebeu que eles acabaram de cavar sua própria sepultura: os ômegas da frente começaram a empurrar para trás, mas os que estavam atrás ainda lutavam para frente, porque o inimigo também estava atrás deles. Eles estavam presos entre as paredes altas.

Não havia misericórdia quando corpos esbarraram em outros corpos, mãos agarraram para se afastar, pés pisaram em pés, ou com os corpos que caíram no chão. Enquanto Hoseok tentava ajudar um ômega mais velho a se levantar, seu cotovelo afiado atingiu a mandíbula de Jimin, fazendo-o tropeçar contra a parede. Hoseok estava ao seu lado em um piscar de olhos:

— Você está bem?

Jimin acenou com a cabeça, mas seus movimentos congelaram, porque as tropas se moveram na frente e atrás, aglomerando os ômegas como um rebanho de ovelhas. Um dos guardas estava ao lado de Jimin, no próximo segundo, ele estava no chão, com a garganta cortada. Seu sangue coloriu os sapatos de seda creme de Jimin, em um profundo carmesim.

O rosto de Hoseok perdeu toda a cor enquanto seus olhos permaneceram fixos no guarda moribundo, mas os olhos de Jimin foram capturados por uma figura que se aproximava deles. Ele era grande em estatura, provavelmente não muito mais alto do que Hoseok, mas chamava a atenção imediatamente. O alfa exalava autoridade. Ferocidade que inspirava submissão imediata.