Sem mais barreiras
Seul, 18 de junho de 2098 - 20:43 p. m.
As ações do Laboratório's Rosa despencavam mais a cada segundo. Kim Minju não sabia o que fazer, porém, convocou o conselho e após duas horas de reunião, optaram por acalmar a imprensa com a notícia de que o afastamento de Kim Yongseung era temporário e logo ele retornaria ao laboratório.
Todos os envolvidos sabiam muito bem a condição de Yongseung, ele necessitava dos remédios para continuar vivendo, deste modo, não tardaria para que o Laboratório's Rosa tomasse posse dele novamente. Foram medidas paliativas, as que a presidência tomou, contudo, Minju tinha noção de que tão pouco não bastaria para esconder toda a sujeira que havia no passado da corporação.
Em sua sala, Minju ingeriu algumas cápsulas de analgésico junto a uma taça de vinho tinto. Mexia em seu smartphone quando ouviu alguém bater na porta.
– Queria falar comigo?
Um rapaz alto adentrou a sala, fechando a porta atrás de si.
Os olhos da doutora se tornaram ébrios em fúria.
– Foi você – afirmou ela, sem tirar a atenção do teclado de comando que segurava firmemente nas mãos. Algumas filmagens da câmera de segurança do quarto onde Yongseung estava antes de ir junto aos Sombras Sussurrantes começaram a ser exibidas no telão central, de frente para o rapaz. – Por que fez isso, Hoyoung? O que acha que irá ganhar ajudando ele?
Hoyoung sorriu fraco.
– Eu deveria ter feito isso há tanto tempo – murmurou. – O que será de nós agora? Vai desistir? Vai descartar a gente como fez com os outros, ou vai fingir que Yongseung nunca existiu?
O vinho estava quase no fim. Minju olhou para o líquido avermelhado dentro do copo de cristal antes de olhar para Hoyoung, que, por mais que tentasse mascarar o medo com sua postura firme, tremia por dentro. Ela disse:
– Eu já desisti de algo alguma vez na vida?!
As filmagens continuavam rodando no telão. Nelas, Hoyoung ajudava Yongseung soltando ele das amarras e injetando adrenalina em sua corrente sanguínea. Graças a ele, Yongseung voltou a respirar antes que seu coração definitivamente parasse de bater.
Seul, 19 de junho de 2098 - 07:30 a.m.
Um murmúrio arrastado fez com que Yongseung despertasse.O ar tinha cheiro de baunilha e café, e o sol adentrava as persianas timidamente.
Yongseung reuniu forças e se sentou no sofá.
Olhou ao seu redor.
Aquela sala de estar não se parecia nem um pouco com a sala de sua antiga casa. Os móveis eram diferentes, a tinta das paredes eram diferentes, o tamanho do cômodo também não era o mesmo, e os poucos objetos e móveis que compunham a sala onde estava agora, pareciam ter vindo do futuro, como nos filmes que viu na velha televisão de casa. Yongseung soltou um suspiro. Se sentia perdido, mas ainda assim a confusão dentro de sua mente fazia sentido de modo como nunca antes. Ali, na sala de estar do apartamento de Yeonho, Yongseung se sentiu, finalmente, "encontrado". Essa era a palavra flutuando em seus pensamentos.
– Você acordou! – Yeonho atravessou a sala. – Como se sente?
Minchan, Gyehyeon e Kangmin surgiram na porta que levava à cozinha.
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Além da Barreira
Science FictionA realidade, tal qual Kim Yongseung a conhece, não passa de um software de última geração capaz de decodificar estímulos psíquicos; já a realidade de Ju Yeonho se trata de um futuro distópico, onde um ser humano criado em laboratório tem sua vida ex...