Capítulo 5

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somos jogadores presos

Seul, 18 de junho de 2098 - 06:30 a.m.

Os olhos do mundo inteiro estavam vidrados nas telas dos televisores dos mais diversos tamanhos e formatos, conectados à emissora que transmitia O mundo de Kim ao vivo. Nos tablóides digitais só se lia a mesma pergunta: quem era o rapaz de cabelo preto-azulado e o que ele queria com Kim Yongseung?

A população sul-coreana mal dormiu nas últimas dezessete horas. Os civis estavam curiosos demais com os acontecimentos estranhos que ocorreram na Cidade das Rosas; os familiares de Yeonho ficaram de cabelos em pé ao verem o rapaz pelas telinhas, nos noticiários e chats virtuais sobre O mundo de Kim; os militares rondavam as ruas à procura de um rosto desconhecido; o governo tentava não entrar em pânico caso os espectadores do show da vida criada em laboratório parassem de consumir tal "produto", o que acarretaria em uma crise econômica, já que a série televisiva, O mundo de Kim, era responsável por 0,9% do P.I.B de todo o país. Já os Laboratório's Rosa tentavam outra abordagem, mais concisa e, de preferência, não muito chamativa, que se resumia em duas etapas: retirar o vírus invasor, sem deixar que a população soubesse do que ele se tratava e eliminá-lo.

[...]

Os raios de sol mal atravessavam a cortina grossa de nuvens cinzentas no céu, e Minchan já se encontrava em frente a sede dos Laboratório's Rosa, encarando as vidraças, fuzilando com os olhos os projetores holográficos que agora emitiam reprises de O mundo de Kim, com cenas onde o rapaz loiro, que acabara de completar vinte anos, sorria descontraído para qualquer coisa boba que ser humano algum, do lado de cá da realidade, era capaz de compreender de fato.

Avistou uma frota de guardas saindo do prédio marchando em direção ao veículo blindado parado na calçada.

Era perigoso estar ali, e ele sabia muito bem disso, ainda mais quando havia deixado Gyehyeon, e o corpo desacordado de Yeonho, sem resguardo algum em um esconderijo pouco protegido.

Minchan deu meia volta. Cruzou as ruas à pé, sob o céu tempestuoso que sequer derramaria uma gota de água, mas que parecia querer desabar a qualquer momento. O mundo parecia que iria desabar a qualquer momento, e isso o fazia se questionar se esse era o "x" da questão. Lembrou-se de quando era criança e sua mãe lhe disse, ao dar-lhe uma caneca amarela com chocolate quente, que o mundo estava mudando e que coisas novas estavam por acontecer, coisas boas para a humanidade.

– E que coisas boas seriam essas, mamãe? – Minchan resfolegou, digitando a senha numérica no painel, abrindo a porta do esconderijo dos Sombras Sussurrantes.

Avistou Gyehyeon aos pés da cama onde Yeonho estava deitado. Ele verificava os sinais vitais do mais novo, em seguida voltou à bancada e mandou alguma coordenada ao computador.

– Está tudo bem?

O ruivo girou a cabeça em direção a única porta de entrada e saída, vendo Minchan tirar o casaco preto e o pendurar nos cabides.

– Está… – Gyehyeon fez uma pausa, tentando assimilar os próprios pensamentos – mas ele parece inquieto. A frequência cardíaca está alta e a respiração desregulada, o nível de adrenalina no sangue também está alto.

– Isso se deve ao fato de seu corpo estar tentando lidar com um nível de atividade cerebral que certamente está bem mais agitado que o normal. Desde que ele não sofra uma parada respiratória, acho que está tudo bem. – Minchan olhou para o televisor no canto da sala. Yeonho e Yongseung conversavam em um ambiente todo branco. Yongseung com um olhar enigmático, enquanto Yeonho, com o máximo de calma possível, gesticulava algo que não deu para ouvir, pois o volume do som do aparelho estava baixo. – Quanto tempo até as rachaduras começarem?

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