Os (re)encontros

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O caminho entre o palácio e a alfaiataria foi feito em silêncio, e rodeado por uma tensão crescente.

A situação como um todo foi conveniente para Madara, que queria ver sua família e precisava de roupas novas, apesar de pouco se importar com os quimonos caros que o Imperador fazia questão que usasse. Ele tinha passado aqueles primeiros dias com algumas peças que foram compradas às pressas para que não usasse mais o quimono surrado com o qual chegou ao palácio. E para isso, era necessário que fossem ao alfaiate real, já que era protocolo que todas as roupas viessem de um único lugar.

Mas havia o fator Tobirama, que tornou a situação uma desgraceira que só. E piorou a sensação de solidão que acompanhou Madara conforme saiu do palácio, voltando para as ruas que tanto conhecia, e por onde tinha caminhado durante vários dias e noites em busca de trabalho, ou realizando serviços para outrem. Agora estava acomodado em bancos almofadados enquanto a carruagem seguia por Konoha, chamando atenção das pessoas.

Madara sentiu saudades de estar entre aqueles passantes, buscando por condições melhores de vida. Podia parecer irônico, uma vez que agora ele poderia ter tudo, mas não tinha sido conquistado da maneira que planejou, e ele não achava que os tesouros da família real lhe pertenciam, não era algo de seu interesse. Alguns olhares mais curiosos seguiram o transporte até a loja que se destacava entre outros tipos de comércio, já que a tradição de comprar quimonos reais ali vinha de muitas gerações, o filho do Imperador sempre comprando do filho do alfaiate, e por isso o local era tão prestigiado.

Quando saiu, Madara se tornou alvo de todos os olhares que acompanharam a carruagem e se amotinaram em frente à loja querendo saber quem era o pretendente do futuro Imperador. Seu nome já tinha sido divulgado, mas nem todos o conheciam, então a partir daquele momento ele tinha se tornado uma das pessoas mais importantes de Konoha contra todo seu gosto, e que ficou bem marcado na expressão séria que fitou Hashirama pouco antes de eles adentrarem a loja.

Madara estava usando um quimono branco com vermelho sem haori por conta do calor, e foi reconhecido por algumas pessoas, até mesmo quem já tinha lhe empregado em algum momento, e sem saber do motivo real, agora viram o homem ascender na sociedade de Konoha para o mais alto posto da realeza enquanto ele não se importava com isso. Hashirama estava a seu lado e trajava uma veste azul royal.

- Hashirama-sama. – Ele cumprimentou primeiramente o Senju mais velho, e em seguida Madara e Tobirama. – Sinto muito não ter podido ir ao palácio, tive alguns problemas que me tomaram as horas e se tornou uma situação delicada.

- Não se preocupe com isso Akihiro-san, por favor. – A voz de Hashirama era sempre apaziguadora. – Sabemos que é uma pessoa ocupada, mas fico feliz que possa ter nos recebido hoje.

- Sem problemas algum. – Ele trancou a loja quando os três a adentraram, para evitar aglomerações. Em seguida, um de seus ajudantes ocultou as janelas com as grossas cortinas amarronzadas garantindo privacidade. – É sempre um prazer e uma honra costurar para a família imperial.

Logo os quatro homens tomaram seus lugares dentro da loja, carregada de quimonos dos mais diversos tipos, yukatas para todas as ocasiões, tecidos e agulhas. A alfaiataria não era muito grande, tinha um aspecto rústico e era composta por várias estruturas em madeira, mas que decoradas com bonitos tecidos trazia um ar cômodo e bem característico para o lugar. Era a sensação de que o trabalho que era feito naquele lugar vinha de muitos anos, desde as fundações de Konoha.

Madara então foi posicionado no centro do aposento enquanto Akihiro, com auxílio de um de seus ajudantes passou a tirar as medidas do Uchiha. Ele continuava calado, respondia apenas as questões vindas do gentil senhor, que com a maestria de quem fazia aquilo a vida inteira, manejava com precisão a fita métrica, pontuando tudo que precisava estar milimetricamente ajustado não somente para as roupas do dia a dia, mas principalmente ao que dizia respeito ao casamento.

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