As certezas

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Desde que fora apostado, Madara sabia que seu destino estava nas mãos do Imperador, e que eventualmente precisaria se casar com Hashirama independente de como se sentisse sobre isso. Mas desde o encontro na casa onde cresceu, ele não conseguiu lidar com a situação, sua mente tinha sido tomada pelo esgotamento, e não havia uma vírgula de sanidade intacta.

Quando retornaram ao palácio, Hashirama o deixou sozinho e ele passou aquela noite sem conseguir dormir, sentindo o corpo inteiro doer mesmo que estivesse em um dos melhores futons que poderia ter em vida, rodeado por todo conforto que sempre buscou para aqueles que amava. Naquele momento simplesmente não se ajustava a ele, e foi tão difícil quanto à primeira noite que passou ali quando chegou.

Mas ele tinha sido extremamente afetado pela situação de sua mãe, e não soube lidar com o fato de que o casamento precisaria ser adiantado para que pudesse lhe ajudar, sabendo que enquanto era rodeado por tudo, Ayako apanhava e Izuna estava sob a mira das apostas sórdidas de Tajima. A sensação que o envolveu era a de que sua força vital tinha sido drenada, e agora sobrava o corpo caído sobre o futon, incapaz de reagir.

E, desde esse acontecimento, ele se recusava a comer.

Hashirama chegou a seu quarto na manhã seguinte trazendo uma bandeja com a comida, e o encontrou acordado, com o rosto virado na direção do Shoji que estava fechado, apesar de alguma luz adentrar no cômodo. O Senju se aproximou com toda aquela cautela que o rodeava sobre a situação de Madara, que mirou a comida e apenas negou com um menear, sem permitir uma deixa para qualquer tipo de argumentação.

Hashirama teve certeza de que tomar aquela decisão tão intensa tinha afetado muito a Madara, principalmente por envolver sua família, e saber que a mãe estava enfrentando aquela situação desastrosa com o marido. Essa junção de problemas afetou a mente do Uchiha, que rejeitou a refeição que Hashirama levou, e todas as outras que vieram em seguida.

Naquele dia, e nos outros que se seguiram.

O alfaiate ficou sabendo da data do casamento, e Konoha entrou em festa enquanto Madara se sentiu definhar, era um corpo quase morto coberto por luxo. Ele não repeliu a presença de Hashirama, mas não quis comer nada, mesmo quando seu estômago passou a doer por conta da ausência do alimento. E isso se tornou uma rotina constante, preocupante e triste na mesma medida.

Ele rejeitou a primeira vez, e Hashirama ficou a seu lado por um tempo fazendo companhia, mas apesar de não ter lhe expulsado do quarto para ficar em paz com seus pensamentos perturbados, Madara não falou nada. Ele estava sendo tomado pelo cansaço, ainda que não tenha de fato conseguido dormir, e não se mexeu mesmo depois que o Senju o deixou. Hashirama tinha certeza de que a situação era ruim demais para que conseguisse resolver.

Mas ele tentou. Sempre que uma oportunidade surgia ele estava lá tentando fazer com que aquela tristeza fosse amenizada por um traço de carinho, mas não obteve qualquer sucesso.

Retornou na hora do almoço, Madara rejeitou a comida, e mais uma vez o Senju se sentou a seu lado, tentando lhe convencer a se alimentar antes que fosse acometido por alguma doença.

- Madara. Por favor. Não se mate dessa maneira.

- Você vai decidir também quando eu posso morrer? – O Uchiha o ouviu respirar fundo. - Pare com isso, essa sua piedade só vai te machucar.

- Eu não vou te deixar aqui dentro tentando morrer como se fosse uma situação normal e que não merecesse qualquer atenção. E você sabe que isso não tem nada a ver com aquela maldita aposta.

- Para de falar nessa merda, agora já não muda mais nada, todos nesse lugar taparam os ouvidos para o que é certo e preferem viver de aparência. Por mim é melhor que você me odeie, não vou voltar atrás.

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