Dia; dois

523 56 36
                                    

Hazel

Desde a tarde passada Sam não entrou em contato comigo, oque me deixou super preocupada, em sua situação atual a única coisa no qual eu penso é no pior.

Aliás meu pai ligou para o meu irmão pedindo que eu ele fossemos para um hotel, parece que não vai demorar muito até que estes monstros passem da cerca.

Mas pelo oque eu entendi ninguém além de nós e do exército sabe disso, eles preferem manter segredo até o último momento para não gerar pânico na população, apesar de muita gente já estar assustada com os boatos.

Durante nossa viagem de carro eu vejo pela última vez ruas calmas, pessoas felizes andando com sua família, casais se beijando, crianças voltando da escola.... em breve tudo isso irá acabar, e o pior de tudo isso é que não posso fazer nada para impedir.

— Então são zumbis?— pergunta meu irmão ao motorista do carro que por sinal veste uma roupa do exército.

— Meio que sim — ele responde meio desanimado.

— Me sinto uma covarde em não poder por isso mas redes sociais — digo em tom rude.

— Bom Hazel, seu pai nos garantiu que vocês iriam colaborar, isso é um segredo de estado — diz o homem.— Caso você desobedeça tenho ordens para atirar na sua cabeça.

Meus olhos se arregalam, acabei de ser ameaçada por um soldado, a que ponto na minha vida cheguei.

— Ótimo — digo emburrada.

Por quanto tempo ainda estarei segura? Não demorou muito para que chegássemos no hotel, parecia ser reservado apenas para membros do governo e militares, por que isso não me surpreende?

Eu e meu irmão somos colocados no último andar perto do terraço, é deixado claro que caso as coisas fiquem fora de controle seremos levados de helicóptero para a tal "cerca".

— O que é a "cerca"?— eu pergunto ao soldado antes dele sair do quarto.

— Não nos deram muitas explicações, pelo oque eu entendi ela foi criada a 20 anos atrás para separar a cidade de um laboratório — diz ele coçando a cabeça.— Esse laboratório tem uma alta tecnologia de estudos, doenças, vírus, enfim caso algo saísse de controle essa cerca iria proteger nossa cidade.

— Mas... há uma cidade após essa cerca não é?— pergunto.

— Não só uma, como a metade do país, olha, metade do nosso país está infectado — ele diz baixo.— Somos a outra metade que está "segura" por enquanto, parece que eles perderam muitos soldados ultimamente.

— Isso está acontecendo a quanto tempo?

— A três semanas, mas só foram revelar novas informações a uma — ele abre a porta.— agora tenho que ir, já falei de mais.

Me deito na cama e sou pega de surpresa por uma ligação de Sam, graças a deus!

— Sam, você está bem?— pergunto aflita.

Como é bom ouvir sua voz — diz ele.— Estou, por enquanto.

— O que aconteceu? por que sumiu?

Bom...— ele suspira.— Eu tive que me esconder em uma casa por conta da gritaria de Anna.

"Eu realmente não faço ideia do que aconteceu com ela, após isso eu fui para uma casa vizinha mas um morto acabou me vendo, passei sufoco."

"O morto ficou batendo freneticamente com a cabeça na janela, apesar deles serem lentos e bem burros, ainda assim ele quase quebrou a janela, tive que bloquear com uma cadeira."

"Meu medo era que ele atraísse mais mortos, e foi como eu temia, tive que fugir pelos fundos."

— Fico feliz que depois de passar por tudo isso você está bem.

Fico feliz de você ainda estar ai...— ouço sua respiração pesar.— Ouça eu ouvi tiros antes, acabei de ouvir passos na rua, talvez essa pessoa no qual estava atirando venha pra cá.

Então você precisa sair daí — eu estava assustada por ele.— Sam por favor saia desta casa.

Eu irei me de um tempo — apenas ouvi o som da chamada desligar, uma angústia inexplicável me consumiu.

Toda vez que Sam desligava a chamada me deixava aflita.

— Hazel.— ouvi passos vindo em minha direção.— Olha isso.

Meu irmão se aproximou mostrando um vídeo de um "morto vivo" que alguns adolescentes encontraram na cerca.

Se esse vídeo viralizar...— fiquei nervosa.— Vai ser um tremendo caos.

— Temos exatamente seis dias para nos organizar.

— Por que seis dias?— perguntei.

— Daqui seis dias as pessoas vão enlouquecer, e sairemos daqui em breve — disse Tony enquanto mexia em seus cabelo.— Isso é uma merda.

— Uma pessoa Tony... eu falei com alguém que está fora da cerca.

Ele me olhou surpreso.

— Ela está viva?— ele indagou.— Como é possível estar vivo do outro lado?

— Ele está sobrevivendo com dificuldades, acho que se eu não tivesse falado com ele...— suspirei.— Ele estaria morto agora.

Meu irmão ficou pasmo com a notícia que havia alguém vivo já que isso era algo difícil nas condições em que as coisas estão.

Me deitei na cama e não pude deixar de pensar em Sam, em tudo que ele está vivendo e como é reconfortante ouvir a sua voz, fiquei horas olhando para o teto buscando algo em minha mente, até que senti meu celular vibrar. Atendi rapidamente.

Me desculpe por sumir de repente — disse Sam assim que atendi o telefone.— A pessoa no qual estava atirando acabou ficando muito próxima.

"Tive que sair correndo daquela casa e acabei dando de cara com um morto... acho que nunca fiquei tão assutado na vida..."

"Comecei a caminhar de casa em casa até dar um mal jeito no meu pé, eu estava mancando até agora... por sorte logo cheguei na estrada e agora estou encostado em uma árvore admirando uma fazenda."

O importante é você estar bem.— digo abrindo um sorriso.— Me diga oque você vê.

Uma fazenda que aparenta estar segura...— um breve silêncio.— Acabei de ver um homem sair do seleiro.

Alguém "vivo"?— perguntei.

Sim, um morto não se moveria daquela forma...— é possível ouvir o som de um plástico sendo amassado.— La se foi meu último gole de água.

Não seria sábio você ir até essa fazenda?

Talvez... as vezes acho que o verdadeiro problema não são nem os mortos em sí.— ele suspira.— E sim os vivos.

Você está certo afinal.— dou uma pequena risada, ouço Sam rir também.

Ok senhorita, vou até a fazenda.

Tem certeza?

Bom, se eu não fizer algo vou morrer de fome.— ele ri.— Eu ainda preciso encontrar minha família e para isso necessito ficar vivo.

Tudo bem, me ligue se algo acontecer.— me despeço desligando o aparelho.

Fico fitando minhas mãos enquanto bato o pé freneticamente no chão de nervosismo, se passam alguns minutos até que ouço Sam me ligar novamente.

Escute...— ele está ofegante.— Eu acabei me escondendo no seleiro, ouvi um morto atrás de mim mas acho que alguém fez ele parar.— de repente um silêncio invade meus ouvidos, um barulho como se uma "porta" grande velha se abrisse, e simplesmente a ligação cai.

— Sam?— gritei para o celular.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 18, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

DEAD CITY Onde histórias criam vida. Descubra agora