Paola
Enzo havia melhorado consideravelmente naquela semana. A troca da medicação tivera um efeito surpreendente em seu organismo. Fato que trouxe a alegria e os sorrisos de volta ao nosso lar.
Cerca de pouco mais de um ano do seu nascimento, meu filho foi diagnosticado com leucemia. Lembro-me como se fosse hoje, minhas lagrimas misturadas as de Leo no consultório do oncologista. Foi tão desesperador ouvir aquela sentença, e mais ainda as explicações do médico sobre a doença e seu tratamento. Em minha mente só passavam imagens do meu bebê em uma cama de hospital. Mesmo que o médico tentasse nos transmitir segurança e conforto, afirmando a todo instante que aquilo não era o fim do mundo, que muitas crianças venciam aquela batalha e que meu filho seria mais uma. Eu só queria pega-lo no colo e sumir daquele lugar. As paredes brancas e insipidas me sufocavam enquanto o desespero me consumia com a mesma rapidez com que as cenas da morte de Pietro vinham em minha mente. Eu não parava de pensar que Deus não poderia ser tão injusto e me levar a única coisa que me restara na vida, a razão pela qual eu lutava com todas as forças.
Tão logo descobrimos a doença, Enzo começou o tratamento, o primeiro passo foi tentar a remissão, através da ingestão de drogas, a principio não obtivemos muito sucesso o que só fazia meu desespero aumentar. Com o passar dos meses as coisas foram se complicando cada vez mais. Enzo precisava ir ao hospital quase todos os dias e devido ao meu emprego como secretária em uma construtora eu não tinha tempo para acompanha-lo sem faltar ao trabalho. De inicio todos foram compreensivos diante de minha situação, porém com a chegada de um dos sócios da empresa que viera de Londres tudo mudou.
Assim que Alexander Kingman chegou à empresa, fui designada a ser sua secretaria pessoal. O boato de que ele era um homem muito bonito caminhava junto ao de que assim como bonito era cruel e inescrupuloso, o que pouco tempo depois tive a infelicidade de confirmar.
Por varias vezes fui chamada atenção em função de atrasos e faltas. Mesmo que em todas houvesse justificativas. Por fim uma ameaça de demissão. Eu não poderia de forma alguma perder aquele emprego, pois era nossa única fonte de renda. O tratamento médico de Enzo já havia consumido quase todas as minhas economias e o pouco que Leo trouxera com ela já tinha sido gasto com ele também. Se eu perdesse o emprego meu filho morreria por falta de tratamento e isso eu jamais permitiria.
Leo não falava inglês com fluência, portanto minha presença nas consultas era fundamental, por isso quando fui chamada à sala de Alexander Kingman, eu jamais poderia imaginar, mas a única saída para todos aqueles problemas viria de uma proposta indecente e inescrupulosa para a qual eu só teria uma resposta, sim.
Após saber sobre meu filho e seu estado, Alexander aproveitou-se da situação para me chantagear em troca do emprego, alegou que eu seria demitida por justa causa em função de minhas faltas constantes. O desespero tornou-se meu sobrenome naquele momento. Nem minhas suplicas o fizeram mudar de ideia. A partir daquele dia entendi que a crueldade dos homens podia ir muito além do que eu podia suportar, mas que me obrigaria a aceitar em troca da vida do meu filho.
E foi naquela mesma noite, quando aceitei acompanhar meu então chefe a um jantar de negócios e na manhã seguinte acordar em sua cama que me tornei o que sou agora, uma prostituta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Salve-me
RomanceDiego é jovem, bonito e rico. Apesar de ter sofrido perdas irreparáveis ainda muito jovem, soube dar a volta por cima e assumir as responsabilidades que a vida lhe impôs. Sempre usufruindo o que a vida tem de melhor e o que seu dinheiro e boa aparên...