Capítulo 11

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Eis o nosso Dominic.

Paola

Arregalei os olhos, a respiração saindo em haustos, meu coração tão acelerado que parecia que ia sair pela boca. Ele apenas me encarava sério. Os mesmos olhos frios, injetados em mim como se quisessem invadir minha alma. Engoli em seco, o medo vindo voraz, se apoderando de tudo.

— Pensou mesmo que eu não iria encontra-la? — A voz gelada parecia uma espada de aço que me cortava a pele.

— Como me achou? — Foi a única coisa em que pensei no momento.

Ignorando minha pergunta ele deu um passo a frente empurrando a porta e obrigando-me a recuar, dando-lhe passagem. Assim que se viu dentro do apartamento, Dominic Falconi fechou a porta. Quando me vi sozinha com ele, fitando-o tão de perto, foi que finalmente percebi que tudo estava acabado. Depois de tantos meses me escondendo daquele homem, ele me encontrara e eu tinha absoluta certeza de que não me deixaria escapar nunca mais.

A imponência daquela presença masculina parecia diminuir o tamanho do ambiente ao ponto de eu sentir falta de ar. Olhei para ele derrotada, enquanto o via passar os olhos em volta e analisar tudo criticamente.

— Onde está meu sobrinho? — Seu olhar duro voltando-se para mim novamente.

— Dormindo. — Não tinha necessidade nenhuma de enrola-lo, até porque não adiantaria.

— Quero vê-lo. — A seriedade de um homem de negócios que não admitia ser contrariado. — Agora. — Enfatiza.

Muito quieta encaminhei-me ao corredor, Dom me seguiu sem que eu precisasse dizer a ele para fazer isso.

Parei à porta do quarto de Enzo hesitando por um segundo. Não pude deixar de lado a sensação de que meu filho poderia ser tirado de mim num piscar de olhos. Com o olhar baixo abri a porta e fiquei parada enquanto o único parente vivo do meu filho além de mim, entrava em seu quarto e em sua vida.

Ele se aproximou devagar do berço onde Enzo dormia. Assim que vislumbrou a criança adormecida, algo em sua expressão suavizou instantaneamente.

— Parece que estou vendo Pietro quando criança. — Um sentimento indecifrável na voz grossa.

Passou algum tempo em silêncio somente olhando para ele no berço. Por fim se voltou para mim e a mascara fria estava de volta, dessa vez mesclada a uma dureza e uma promessa de que dessa vez não haveria compaixão. Coisa que percebi pelo modo como ergueu o queixo e endureceu o maxilar anguloso e másculo.

— Vamos para sala. Temos algumas coisas para tratar. — E sem esperar deixou o quarto, uma ordem muda para que eu o seguisse. Coisa que fiz logo, dando apenas uma olhada em Enzo antes de sair.

Ele estava de costas para mim, mãos nos bolsos da calça do terno escuro, cortado sob medida, o couro dos sapatos italianos chegava a bilhar. Uma postura relaxada, talvez falsamente. De costas eu poderia até mesmo confundi-lo com Pietro. Os dois eram quase da mesma altura. Dom era mais alto um ou dois centímetros somente. Assim que se virou para mim, seu olhar perscrutou-me de cima a baixo sem qualquer cerimonia.

— A maternidade lhe fez muito bem. — Comentou ainda sério.

— Por favor Dominic, diga-me de uma vez o que quer. — Peço baixinho, eu não conseguia esconder meu medo. Sempre o temera e ainda era assim. Agora eu sabia perfeitamente do que ele era capaz.

Um sorriso diabólico surge em seus lábios perfeitos, muito bem desenhados. A barba bem aparada conferia-lhe um ar ainda mais perigoso. Para quem não o conhecia seria um sorriso charmoso, até mesmo sedutor. Mas para mim era o sorriso de um predador prestes a atacar.

Salve-meOnde histórias criam vida. Descubra agora