poetry | newtmas

texto 02 ☼

Não sei em que momento exatamente passei a te ver com outros olhos, muito menos quando minha implicância e ironia começou a esconder um sentimento o qual nunca havia experimentado.

Esse seu jeito meio bobo e debochado, de quem claramente está pouco se lascando para quanta grana alguém tem ou qual é seu sobrenome.

Você se importa com quem as pessoas são puramente e antes de qualquer coisa, se importa em ajuda-las ao máximo.

É meio ridículo dizendo assim, mas assumo que acho isso lindo. Nesse mundinho restrito pelos muros, pode ter certeza que poucos são assim.

Às vezes, penso que tudo pode ser diferente, sei lá, se eu assumir logo o que sinto ou se você tiver olhos para outro alguém além dela.

Talvez sua boca também ficasse seca
ao me ver, como a minha fica.

Queria poder enroscar meu braço no seu enquanto caminhamos de manhãzinha na clareira, antes mesmo dos garotos saírem para o labirinto. Queria poder te olhar de um jeito tímido porque você fica incrivelmente bem com todos aqueles aparatos de corredor, e desejar boa sorte. Queria poder entrelaçar meus dedos nos seus em baixo da mesa, enquanto esperamos a comida do Caçarola.

Queria poder aproveitar os dotes de Chuck como vigilante, para ter alguns minutos a mais da madrugada com você sem que Alby perceba.

Queria beber aquela coisa horrível que Gally prepara quando fazemos nossas noites na fogueira e te fazer rir com um bigode de cerveja, mandando você se foder, mas logo em seguida acabar rindo também, porque simplesmente não resisto a você.

Queria ser sincero e dizer que apesar desse seu sorrisinho cínico que me tira completamente do sério quando estou puto, eu gosto de você.

Gosto dos seus olhos castanhos e, por vezes, idiota jeito de herói, tentando salvar até mesmo quem não quer ser salvo.

Gosto de você, Tommy.
Gosto mais do que queria,
mais do que devia.