poetry | newtmas

texto 05 ☼

Essa tarde você sentou comigo nas redes enquanto eu fazia algumas coroas de flores. Minha perna estava mais dolorida que o normal e Alby precisou quase me amarrar em uma árvore para me convencer a dar um tempo do trabalho.

Gosto de fazer coroas, parece com tricô, apesar de eu não lembrar exatamente o que seria tricotar (isso tem algum sentido?)

No início alguns garotos zoavam, mas acho que se acostumaram com a cena. Acaba sendo bem relaxante e Chuck sempre rouba alguma.

Você me pediu para te ensinar e sinceramente, se Alby tivesse visto, iria te matar por estar ignorando o trabalho. Mas mesmo assim, eu comecei a te mostrar como fazia, trançando o cabo das flores com a ajuda de algumas heras fininhas que arrumo próximo aos muros.

Se tricô é mesmo assim, você com
certeza seria péssimo, Tommy.

Era adorável como acabava fazendo nós nos próprios dedos entre as folhas e eu precisava desfazer aquela bagunça. Mas... me senti tão bem.

Você estava ali, sentado na minha frente, com uma parte da língua para fora em concentração. Enquanto terminava sua primeira, eu já selecionava alguns galhos para montar a terceira.

Foi quando coloquei aquela coroa de flores azuis e brancas na sua cabeça. Foi a cena mais bonitinha que já vi.

Além dos cabritos filhotes
que temos aqui, claro.

Você sorriu e me agradeceu, dizendo que iria praticar mais. De longe Chuck ficou nos observando com um sorriso travesso no rosto, parecia que estava lendo toda a minha alma. Então você correu até ele e colocou uma coroa roxa entre os cachos do cabelo dele.

Já eu, como a maioria das vezes, fiquei com as amarelas. São minhas favoritas.

Mesmo com meu tornozelo me matando e o sol castigando os que estavam trabalhando sem parar, tudo parecia melhor com o seu sorriso.

Se um dia saírmos daqui, espero ter a lembrança de hoje sempre comigo. Porque eu estava feliz.