texto 01 ☼

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Acabei de subir nessa árvore próxima á floresta, que nos rende uma visão completa desses muros. É cedo, o sol começa a ofuscar o concreto de um jeito até bonito.

Te vi aqui de cima, observando o Labirinto (ainda fechado) com curiosidade. Desde o primeiro dia Alby diz que você é diferente dos outros.

Sou obrigado a concordar, ninguém neste lugar consegue ter um espírito tão assustadoramente livre quanto o seu, Tommy.

Em certo momento você virou pra cá, devia sentir que estava sendo observado. Fiz o que qualquer adolescente faria nessa situação: me escondi e rezei mentalmente para deuses que nem sabia da existência, pedindo que não percebesse.

Me sinto meio esquisito por gostar tanto de te olhar, mesmo de longe. Fry disse que estou deixando as coisas muito na cara, mas não sei se fico realmente triste com isso.

Sabe, desde que cheguei nesse lugar, ninguém me fez sentir essas coisas que você faz. É bizarro. Sempre tenho vontade de estar perto, conversando e tentando esquecer que estamos presos em um maldito lugar sem lembrarmos nem mesmo de nossas idades exatas.

Você me faz ver o mundo de uma maneira
mais bonita. Me faz ficar feliz por ter
fracassado na besteira que cometi, essa
que custou minha perna.

Acho que justamente por você estar me fazendo sentir tantas coisas bonitas (e que me amedrontam), eu não quero te contar tudo isso.

Perdi amigos para esse lugar, perdi minhas memórias e minha família (se um dia tive uma), não quero perder você. Nunca.

Minho acabou de aparecer lá em baixo e me chamou, muito obrigada Minho, lembrarei disso se um dia ficar sozinho com você e um verdugo.

Ao menos você riu, não é?

poetry | newtmasOnde histórias criam vida. Descubra agora