ESPECIAL: VAMOS CONVERSAR

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BEM VINDO DE VOLTA, pequeno gafanhoto!

Hoje vamos... só conversar um pouco. Não teremos nenhuma dica de gramática, de como fazer isso ou aquilo, regras, macetes, nada. Este é apenas um momento de reflexão, de pensar em como os acontecimentos do dia a dia impactam na nossa escrita.

Chegue mais pertinho e me responda: você já passou por algum bloqueio criativo que parecia não ter fim? É do tipo que nunca fica satisfeito com o que escreve? Já enjoou da própria história? Teve vontade de excluir tudo e desistir de escrever? Pois é... acredito que você tenha dito um sim para todas as perguntas, até porque quem nunca olhou para a própria história e pensou: "Que merda é essa, hein?". Que atire a primeira pedra se não o fez!

Certo dia um escritor disse: "Nunca fico satisfeito com o que escrevo, até hoje. Tenho a impressão de que qualquer texto sempre pode ser sempre melhor do que o que foi publicado.". Eu não sei você, mas eu estou sempre adicionando e excluindo coisas dos meus textos. É estranho. Parece que nunca fica do jeito que eu quero, sabe? Mas diz aí: saberia me responder quem disse essa frase? Simplesmente Antônio Carlos Viana, um escritor e professor universitário, vencedor de vários prêmios de literatura e reconhecido no Brasil inteiro. Se alguém como ele se sentia assim, imagina eu e você, pequeno gafanhoto? Isso não é sobre a gente ser menos ou mais que ele, mas sim sobre o abismo no nível de experiência entre nós.

Autores em geral, assim como eu e você, tendem a exigir mais de si mesmos do que o que é realmente necessário. Cobramos de nossa criatividade algo que não existe: a perfeição. Se você pegar obras famosas, e se procurar bem, vai encontrar diversos erros de coerência, cenas desconexas, etc. Não se preocupe em ser perfeito, preocupe-se apenas em escrever o que você gosta de escrever. Só isso. A única coisa que um escritor precisa ter em mente é como descrever a cena de um modo que o leitor possa imaginá-la. Pensa comigo: na sua cabeça a cena está incrível. Monólogo, ação, ponto ápice e fim. Mas e no papel? Você está conseguindo transmitir em palavras exatamente o que está imaginando? Até mesmo aquele pequeno detalhe?

Particularmente penso que as únicas coisas que um escritor deve trabalhar em seu método de elaboração de textos é a gramática e a descrição. Com boa gramática você, consequentemente, será mais cuidadoso na hora de produzir a descrição. Esse cuidado se estenderá das cenas difíceis de narrar até aos diálogos. A escrita é, amigos, uma unidade com várias etapas que se conectam e nos trazem um resultado: a história pronta e fluída. Portanto, meu caro gafanhoto, não se preocupe em ser impecável em tudo. Ninguém é e nem vai ser. Escrever é, na verdade, um presente acessível a todos. Podemos usar a escrita para nos entreter ou como trabalho, então, sem neura!

Houve uma época na minha pacata vidinha de escritor amador em que me bateu a loucura e eu queria simplesmente apagar tudo o que já havia feito e desistir de escrever. Isso porque eu não entendia onde eu estava errando. E onde era? Eu queria ser perfeito. Queria construir a história perfeita, com personagens perfeitos e sem quaisquer erros. Ô, ilusão! É impossível conseguir tal feito! Eu me cobrava muito sem saber que o que eu queria atingir era inatingível. Eu passei quase sete meses sem escrever nada. Quando eu voltei, parecia que eu não sabia mais o que era narrar uma história; eu estava completamente enferrujado. Foi então que eu decidi estudar um pouco mais sobre escrita criativa e mudar completamente a minha forma de escrever.

Desde o ensino fundamental, fui muito elogiado pela minha escrita. Não é querendo me gabar, mas procuro dar sempre o meu melhor em tudo que faço. E talvez tenha sido isso que não me fez desistir da escrita, até hoje: eu sei que sempre posso fazer melhor, mas esse "melhor" precisa estar longe da cobiçada perfeição. Como disse aquele escritor acima, a gente sempre acha que pode melhorar algo nos nossos textos. Talvez sim, talvez não; a única coisa importante aqui é que você consiga passar para o leitor exatamente a emoção que você sentiu ao pensar na cena ou na ideia. Pronto. Se fizer isso, você já é um sucesso!

Também já passei por aqueles momentos nos quais a fonte de criatividade na minha cabeça simplesmente se esgotou. Nenhuma ideia à vista; inspiração zero. E aí, o que fazer? Nada! Esses momentos revelam uma coisa muito importante sobre sua personalidade de escritor: você não escolhe qualquer ideia que aparecer, você quer aquela ideia. Aquela que vai impactar o seu leitor, que vai emocioná-lo ou fazê-lo sentir raiva. É como se fosse um controle de qualidade, mas adaptado para ideias boas e ruins. Se você já viveu bloqueios criativos, saiba que isso faz parte da nossa vida de criadores de história e que é muito bom, pois mostra que nós não escrevemos qualquer coisa só pelo simples prazer de escrever. Selecionamos as melhores ideias, os melhores personagens e o melhor enredo, tudo isso pelo amor à escrita.

Bem, é isso. Esse capítulo foi só um momento de conversa entre nós. Em breve — mais breve do que você espera — voltarei normalmente com as dicas. Ainda tenho um monde de coisa pra passar pra você!

Obrigado e até a próxima!

Obrigado e até a próxima!

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