O barão Fitz-Alwine via Robin Hood como o pesadelo da sua existência, e seu insaciável desejo de uma boa vingança por todas aquelas humilhações sofridas só fazia aumentar. Sempre que derrotado por seu inimigo, o barão voltava à carga prometendo a si mesmo, tanto antes do ataque quanto depois da derrota, exterminar o bando inteiro dos fora da lei.
Obrigado a enfim reconhecer que seria eternamente incapaz de vencer Robin pela força, ele resolveu recorrer a artimanhas. Com um novo plano de ação longamente meditado, o barão esperava ter descoberto um meio pacífico de atrair o jovem para sua rede. Sem perder um minuto, mandou chamar um rico comerciante da cidade de Nottingham e confiou-lhe seus projetos, recomendando que guardasse o mais total segredo.
Esse homem, de caráter fraco e hesitante, foi facilmente induzido a compartilhar o ódio que o barão demonstrava por quem era descrito como um salteador das estradas.
Já no dia seguinte do encontro com lorde Fitz-Alwine, o comerciante, seguindo o combinado com o irascível ancião, chamou em sua casa os principais cidadãos locais, propondo que o acompanhassem para pedir ao xerife que organizasse um torneio público de tiro, reunindo competidores de Nottinghamshire e de Yorkshire.
— Os dois condados nutrem certa rivalidade — acrescentou o negociante — e, para o orgulho de nossa cidade, será proveitoso oferecer aos vizinhos um concurso em que possam demonstrar sua habilidade no arco. Ou seja, na verdade, trata-se de uma oportunidade para realçar a incontestável superioridade dos nossos bons arqueiros. Para igualar a disputa entre os dois campos, vamos estabelecer a prova na divisa das duas regiões, e a recompensa para o vencedor será uma flecha ou dardo de prata com penas de ouro.
Os cidadãos convocados pelo aliado do barão aprovaram a proposta com generosa participação e, acompanhando o negociante, foram pedir a lorde Fitz-Alwine permissão para anunciar uma disputa de tiro com arco entre as duas regiões rivais.
Satisfeitíssimo com o rápido sucesso da primeira parte do projeto, o barão disfarçou seu íntimo contentamento e, fingindo total indiferença, deu o consentimento solicitado, acrescentando que se a sua presença pudesse dar maior prestígio ou, de alguma forma, ser útil para abrilhantar o evento, ele com prazer aceitaria presidir os jogos.
Os cidadãos unanimemente concordaram que a presença do senhor feudal seria uma bênção do céu e se mostraram felizes com a promessa, como se o barão fosse a eles ligado pelos mais carinhosos laços de amizade. Deixaram o castelo felizes da vida e elogiaram, junto a todos os habitantes da cidade, a boa vontade do xerife. E isso foi feito com grande entusiasmo, olhos arregalados e boca aberta, por parte de quem falava e por parte de quem ouvia, pois todas aquelas boas pessoas estavam pouquissimamente acostumadas a qualquer sinal de cortesia nas maneiras do sr. normando.
Uma proclamação redigida com todo esmero anunciou que uma competição seria aberta entre moradores dos condados de Nottingham e de York. Fixava-se o dia e o local, escolhido entre a floresta de Barnsdale e a aldeia de Mansfield. Houve um esforço para que a competição pública fosse amplamente divulgada nas mais diferentes áreas das regiões interessadas, e a notícia então facilmente chegou aos ouvidos de Robin Hood, que imediatamente resolveu se candidatar, em apoio à honra da cidade de Nottingham. Outras fontes o informaram também de que o barão Fitz-Alwine presidiria os jogos. Tal atitude cordial tinha tão pouco a ver com o temperamento rabugento do velho que Robin logo percebeu as intenções secretas do nobre fidalgo.
— Muito bem! — disse para si mesmo nosso amigo. — Tentemos a aventura com todas as precauções necessárias e boa defesa.
Na véspera do grande dia, Robin reuniu seus homens e anunciou sua intenção de ganhar o prêmio, para homenagear a cidade de Nottingham.