Origem Cósmica

Perdão e Renovação

Mesmo com o restabelecimento da realidade terrestre, isso não significaria o recomeço ou reconstrução daquilo que existia no passado. As coisas eram diferentes, existiam metas diferentes e os próprios Deuses se preparavam a cada mês para uma provável invasão, mesmo sem provas de tal. As memórias, mesmo que o tempo passasse, ainda eram fortes e estruturadas. Em uma dimensão não tão grande, o assunto sempre recomeçava como uma onda na praia, e então recuava por um tempo. As crianças que nasciam eram ensinadas por meio da história daquele acontecimento marcante, mas não eram apenas as crianças, ou os cultos mensais aos Deuses estreando os semideuses como novas divindades importantes, mas também a nova estrutura da proteção. O exército que pertencia a Ares foi assumido por Atena, por procurarem por estratégia e não apenas o confronto direto. Não foi algo abraçado totalmente pelo Deus da guerra, mas ele deu apoio à irmã por acreditar no potencial dela. O exército trocou o vermelho da farda pelo roxo e a renovação foi feita.

Talvez, apenas uma suposição um tanto que real, essa renovação tenha ultrapassado os limites desejados, não por conta dos Deuses, mas pela incansável vontade dos Darkzens de concluírem sua missão. Pandora era a Darkzen de tamanha inteligência e capacidade de recolocar as peças na mesa. Ela sabia que tudo possuía um pequeno furo, nem que fosse minúsculo, mas um furo já era o bastante para causar um grande rasgo.

Com sua lábia indescritível, Pandora poderia convencer qualquer criatura que tivesse uma faísca de pensamentos conturbados. Éclio, um obsidian e guardião forte em seus pensamentos e atitudes, vigiava Pandora e escutava suas ladainhas imorais e sussurrantes. No início, ele a fazia calar com seus grotescos gritos de ordem, mas o tempo se derretia, e o tempo de fala da terrível dama se enrijecia e se tornava cada vez mais longo. Ele a escutava por horas, que logo transformaram-se em dias, e sua mente tornou-se escrava das opiniões e crenças da Darkzen. E então chegou o dia em que, com sua mente fora do lugar, deixou seu posto e trouxe flores a ela. Noutra vez, foram criaturas mortas, até que finalmente, na última vez, ele arrancou suas correntes, acreditando que a mesma fugiria com ele para um lugar onde os dois poderiam viver a eternidade amorosa com a qual ele sonhara antes de conhecê-la. Ela não perdeu tempo quando foi solta de todas as correntes, e as usou para prender o guardião em segundos, que despertou do transe tão trabalhado por anos. Ele gritava enfurecido, fazendo tremer as estruturas do lugar, o que para ela era a melodia da vitória. Usou sua magia das sombras para prender as mãos e joelhos de Éclio no chão e pegar três pirâmides dimensionais. Então, usando uma delas, foi para a dimensão dos humanos.

A notícia de que Pandora havia escapado logo tomou toda Deuriga e o terror se estabeleceu na paz. Notícias falsas surgiam dizendo que haviam visto a dama das trevas em diversos cantos, o que dificultava a busca pela mesma. Zeus então decidiu criar uma força de busca chamada de Pandorions, para caçar a localização da mesma em todas as dimensões.

Passaram-se 10 anos na dimensão Físicus desde que Pandora chegou, tempo em que ficou estudando os humanos. Procurava formas de usá-los contra seus criadores, como peças de jogos de guerra. Lia cada um que passava perante seus olhos, usando um belo disfarce de mulher humana de cabelos morenos e olhos azuis cintilantes. Eram mais de 10 mil pessoas que haviam sido analisadas e estudadas, fazendo-a chegar a uma conclusão: a fé era chave para a existência gloriosa dos Deuses. Notava que, em lugares onde a descrença tornava-se maior, os deuses faziam milagres que reativavam a crença dos humanos neles. Ela decidiu então contaminar os espíritos dos humanos usando as trevas que existiam em si. Transformou-se em uma vespa e picou um homem jovem, fazendo-o transportar seu veneno da dúvida e do caos. Quando os primogênitos dele nascessem, seriam os primeiros de uma linhagem de humanos que destruiria a existência dos Deuses.

Séculos se passavam e as guerras aumentavam. Humanos morriam em alta quantidade, e Hades notava um número crescente de desencarnados. Aquilo era anormal, não poderia ser daquela forma.