Capítulo 2

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Pov. Albus

O Sol iluminava a água em sua janela quando Albus acordou, os olhos praticamente se recusando a abrir. Virou e olhou para o relógio, na cabeceira da cama, levando um susto quando viu o horário:

8:40

As aulas começavam às 7:00!

Ele costumava perder o horário, mas Scorpius (que usava três despertadores) sempre o acordava. Olhou de relance para a cama do amigo, que estava vazia, e franziu as sobrancelhas.

Então lembrou da briga dos dois na noite anterior e sentiu seu estômago afundar... Não tinha sido legal com ele ontem. Na verdade, vinha sendo bem idiota com o Malfoy durante as últimas duas semanas. Em sua defesa, era o único jeito que tinha encontrado de lidar com aquele frio na barriga que percebeu que sentia toda vez que abraçava Scorpius. A vontade irracional de mexer em suas mechas loiras, ou apertar suas bochechas. De capturar seus lábios com os seus toda vez que via-o abrir um sorriso...

Chega.

E foi por isso que ele se afastou. Nenhum daqueles pensamentos estava certo porque ele sabia que o amigo não sentia o mesmo...

Se Scorpius sentia aquilo por alguém, deveria ser pela prima de Albus, Rose, com quem sairia no próximo fim de semana.

Albus se sentia tão enjoado que pensou se aquilo poderia servir de desculpa por ter faltado as duas primeiras aulas.

Chegando à conclusão de que Minerva não acreditaria, vestiu rapidamente o uniforme verde e preto, usando enxaguante bucal no lugar de escovar os dentes. Retirou da prateleira alguns livros de feitiços e a varinha, colocando a última com cuidado na bolsa. Quando reparou que esquecera a gravata já era tarde demais: estava em frente à sala, batendo na robusta porta de madeira.

- Isso é hora de um cavalheiro chegar, senhor Potter? Onde foi parar o comprometimento?

Ele desviou os olhos da severa expressão da professora, tentando chegar o mais rápido e despercebidamente possível até sua carteira. Reparar nas risadinhas e comentários sarcásticos por parte dos alunos que acompanhavam sua chegada foi, como sempre, inevitável.

Só não pôde descrever o tamanho de sua surpresa quando, ao praticamente trombar na mesa ao lado da de Scorpius (fazendo os líquidos dentro de um frasco azul tremerem de maneira preocupante), se deparou com conhecidos cabelos ruivos bagunçados no lugar onde sempre – frisa-se o sempre – se sentara. Desde o primeiro dia de aula, não importava se tinham classe conjunta com a Grifinória, Corvinal ou quem seja; aquele lugar, no lado esquerdo-inferior da sala, perto da janela para poder disfarçar o quanto era catastrófico em transfiguração, e especialmente do lado de Scorpius...

Era dele.

- Vamos, senhor Potter, tem uma carteira vaga bem ali – disse Minerva, com a voz estafada, apontando realmente para a única carteira vaga... localizada bem na primeira fileira.

Albus se encontrava em um daqueles momentos em que chorar parecia ser, literalmente, a única opção. Mas estava no meio da sala de aula e obviamente, fazendo jus ao resto de dignidade que ainda lhe sobrava, engoliu tudo o que tinha para botar pra fora e se sentou na cadeira em questão.

Só podia rezar para que nada ensinado naquele dia fosse aplicado na prova, porque as aulas passaram sem que se desse ao menos o trabalho de abrir o caderno. A voz dos professores estava abafada, distante, seus pensamentos parecendo mais altos.

Tinha vaga noção de que não olhara para Scorpius nem uma vez desde que chegaram. Também sabia que não pretendia olhar.

Para sua sorte, a garota que se sentou à sua direita estava excepcionalmente participativa, "camuflando" a ausência de respostas.

Deu graças a Deus quando o sinal finalmente tocou, indicando que era hora do almoço. Não que pretendesse ir ao refeitório almoçar – isso implicaria em decidir se se sentaria em frente a Scorpius ou não, e se sim teria que manter contato visual... fora dos planos. Aquilo só indicava que a tortura matinal havia se encerrado e que poderia voltar a seu controverso dormitório, fazer xixi, arrumar uma gravata e deitar em sua cama, refletindo sobre todas as burradas que cometera nas últimas 24 horas.

E coloca "todas" nisso.

Sendo assim, qual não foi a sua surpresa quando, ao retornar para as aulas da tarde, encontrou uma multidão de alunos fora das respectivas salas, todos parecendo agitados e tentando falar ao mesmo tempo...

- Albus!

O menino em questão se virou, deparando-se com o irmão mais velho.

- O que você está fazendo aqui?

Se estivesse com as faculdades mentais intactas, provavelmente rebateria com um "indo para a aula, Inteligência".

Não era exatamente o caso.

- Ãhn?

- Não estava no almoço? – questionou - O Scorpius me perguntou de você e eu achei estranho, vocês são tipo carne e unha sabe...

Scorpius queria saber onde ele estava?

- James, eu não estava no almoço. – se limitou a dizer.

- Bom, então você perdeu a visão do Hagrid entrando de calção no meio do refeitório – ele fez uma pausa - aquele cara tem muito pelo, avisando que um de seus "filhotinhos de dragão" fugiu.

Lembra do enjoo? Voltou para Albus.

- Para onde?

- Olha que maravilha, ele não sabe! Aí McGonagall sur-tou e mandou todos os alunos abaixo do quinto ano irem juntos com o monitor até o trem que sairá às 15 para Hogsmeade.

Olhou para o grande relógio pendurado a cima da porta: faltavam exatos 10 minutos.

- Então o que eu faço?! – perguntou para o irmão, um tanto desesperado.

James respirou fundo, como se estivesse tentando encontrar paciência – ter irmãos mais novos não era fácil – e acenou para uma garota de tranças à alguns metros deles, que veio cortando a multidão alvoroçada.

Falou alguma coisa a ela que Albus não pôde distinguir, mas que causou uma risadinha à menina.

- Ela vai te levar até lá... na vassoura.

Albus queria ser RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora