Capítulo 5

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- "Argila vertiginosa"

- Não, não, a senha já mudou. – corrigiu Scorpius – "Barrio Encalhado".

O bloco de pedra deu lugar a ampla sala majoritariamente decorada por verde, e eles se dirigiram ao dormitório.

- Quem faz essas senhas? Dá-lhe criatividade.

Scorpius deu de ombros e se sentou na beirada da própria cama, indicando que Albus se sentasse também.

Após algum tempo em silêncio, os dois se entreolharam, em um acordo mútuo de que ainda precisavam conversar.

- Então, eu... – tentou começar o Potter, mas foi interrompido.

- Você ainda está com raiva da aula de feitiços? Eu nem sei por que deixei Rose se sentar no seu lugar, para falar a verdade. Você já pode voltar amanhã... se quiser.

- Não foi isso, é só que... bom, eu sei que eu ando meio insuportável no último mês, e você fez isso por causa de ontem à noite...

- Sinceramente, com tudo que aconteceu hoje, eu já esqueci de ontem à noite...

Um feixe de mágoa cruzou os olhos esverdeados.

- Você está ficando com a Rose?

Scorpius arregalou os olhos, surpreso com como a pergunta soou como uma acusação.

- Não, é claro que não! Mas eu estava certo, é por isso que você está estranho, não é?

- Você gosta dela? Eu digo, de verdade?

Scorpius ruborizou: porque diabos Albus estava perguntando aquelas coisas? Tudo bem que amigos costumavam conversar sobre isso, mas não desse jeito...

- Eu já te disse que... – se lembrou do pavor que sentiu mis cedo, ao perceber que Rose ia beijá-lo – Não, com certeza não, mas por que isso importa?

- Você não entende mesmo, não é? – perguntou Albus, segurando a cabeça com uma das mãos.

Scorpius respirou fundo. Não estava afim de brigar novamente.

- Não, eu não entendo e gostaria que você me explicasse. Ainda que – na hipótese, porque não vai acontecer - eu começasse a namorar a Rose, você não deixaria de ser meu melhor amigo...

Albus o cortou.

- Esse não é o problema.

- Então qual é o problema? – perguntou, segurando um dos ombros do Potter e basicamente o obrigando a olhar para si.

- Scorpius...

- Sim?

Era agora ou nunca.

Mas Albus, para sua surpresa, não falou nada. Em vez disso, puxou a gola de sua camisa e... o beijou.

É, Scorpius havia acabado de descobrir que nem todo mundo precisava perguntar antes de fazer esse tipo de coisa.

O contato não durou quase nada, pois o garoto se afastou tão rápido quanto se aproximou, soltando sua blusa com um leve empurrão.

- Acho que já deu para perceber, mas... que droga, eu gosto de você! – desabafou, meio perdido.

A mesma frase da noite passada, a mesma intenção com ela, mas o loiro só pareceu ter entendido agora.

Sentiu o rosto queimar, apesar de, ainda com a mão direita em seu ombro, não ter soltado Albus. Não queria que o amigo sumisse de novo.

Apertou mais seu braço. Desviou os próprios olhos.

- Eu também gosto de você. Tipo, eu não falo porque seria estranho, mas você é a pessoa mais bonita que eu já conheci...

Com essa simples (ou nem tanto) frase, todo o incômodo de Albus parecia ter sumido. Com um "q" de incredulidade, ele lhe deu um amplo sorriso.

- Então sorte a sua que eu sou o seu melhor amigo.

Antes que Scorpius pudesse responder qualquer coisa, teve seus lábios ocupados pelos de um certo moreno, e as palavras se perderam de sua mente.

Por que exatamente eles não tinham feito aquilo antes?

Sem dúvidas deveriam ter feito.

O selinho demorou muito mais que o último e, quando se afastaram, o ar se fazia em falta. Albus ria como quando eram crianças, uma rara aparição de calma em meio ao caos que o garoto se manteve nas últimas semanas, e Scorpius aproveitou para lhe roubar outro beijo.

Por quanto tempo ficaram ali, encantados pelos sentimentos correspondidos, nenhum dos dois se lembra.

Mas Scorpius tem vívida na memória Albus, no dia seguinte, declarando ao irmão mais velho que agora "também tinha um – nada estúpido - namorado".

***

Fim 

Se você gostou, pode ser que se interesse por uma outra one-shot que eu tenho deles, "Um beijo acidental"

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Albus queria ser RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora