Para Sempre Enquanto Dure - HWANG HYUNJIN

Explicando Alguns Pontos Sobre A Personagem Sophia:

Acredito que a maioria de vocês pode considerar Sophia muito lerda em perceber certas coisas acontecendo ao redor dela. Para certos leitores, esse pode até ser um comportamento de "gente sonsa", desligada e até mesmo sem personalidade.

Nessa história, pelo menos até a parte atual, ela se mostra alguém muito desligada de tudo. Realmente.
Não faz questão da presença das amigas (no sentido de não demonstrar incômodo com a ausência delas), não toma atitudes claras em relação aos sentimentos dela (se o Minho não tomasse iniciativa com o plano, aqueles dois iam estar até agora de mimimi) e também não admitia ou aceitava sentimentos de outras pessoas.

Acontece que, apesar de ser explícito pra todo mundo que ela é a protagonista da história, ela não se sente a protagonista da própria vida.
Como fizeram parte de falas dela durante os capítulos, a versão dela que ela conhecia, era a versão dela enquanto a mãe dela existia. Uma versão pré-trauma. Quando, mesmo com a vida não sendo perfeita, ela ainda conseguia se ver como uma pessoa feliz.

A mãe da Sophi era a pessoa que ela mais amava na vida.
Sophi é uma garota que, até então, tudo o que ela sabia sobre amor era relacionado à família. E amigos.
Esses eram os tipos de amor que ela conhecia, recebia e transmitia.

Pelo apego que ela tinha, a dificuldade de superação, não conseguir tocar a vida, mostra que a mãe dela era tudo na vida dela. Era quem orientava, amava, em quem Sophia se espelhava, quem a priorizava e quem Sophia priorizava.

Não que ela não tivesse uma boa relação com o pai, mas uma conexão diferente e afinidade diferente com a mãe.

Sophia é como uma criança sentada no banco da escola esperando os pais buscarem ela.
Não é uma escolha dela estar ali. Estar parada. Em modo de espera.
Ela simplesmente não sabe o que fazer. Como fazer. E pensar onde pode chegar, não parece tão interessante, uma vez que tudo se tornou vazio.

Apesar do humor contido em frases bobas, trechos que causam a sensação de coração aquecido, ou borboletas no estômago, a parte da vida de Sophia que é contada, é uma parte triste. Uma personagem que carrega uma tristeza profunda.

Isso não resume toda a vida dela, claro.
Mas quem carrega uma dor dessas, ao ponto de não ver motivação nem para o presente, nem para o futuro, é porque sente essa dor de forma forte o suficiente pra ofuscar qualquer outro momento da vida.
Principalmente quando se é uma pessoa sonhadora, que idealiza muito o futuro.

Pra alguém é assim, se busca o futuro uma vez que o presente incomoda e o passado não volta. É o único jeito de não se afetar por todas as coisas que podem estar indo errado.

Mas quando se é atingido por um raio desses, que rasga ao meio a lista de planos que antes compunham um futuro perfeito, tirando de cena uma das pessoas mais importantes do elenco, não se pode culpar o expectador por temer as edições futuras, e evitar a fatídica edição ao máximo.

Uma vez que Sophia não se vê como protagonista da própria história, ela não exige essa mesma importância na vida de outras pessoas.
Se ela não é protagonista da própria história, por que exerceria protagonismo na vida de outras pessoas?
Além disso, é alguém com uma experiência nada agradável no que quase foi uma experiência amorosa.

Em resumo, mesmo que ela admitisse pra ela mesma os sentimentos de outra pessoa, ela é alguém que não considera suas suposições válidas até que a própria pessoa diga a ela como se sente.
Ela não é cega, ela só acha que seria muita ousadia simplesmente assumir que alguém tem sentimentos românticos por ela.

A mente ela a diz coisas como "com base em que eu vou dizer que essa pessoa gosta de mim? Simplesmente porque essa pessoa está me encarando? Ou por me emprestar algo? Por pagar algo pra mim? Por me ouvir? Por me elogiar? Tudo isso pode ser feito sem segundas intenções. À menos que essa pessoa me diga, tudo isso não vai passar de suposições".

Não é do perfil dela ser alguém convencida.

Sobre as amigas, no final das contas, o personagem do Hyunjin era a pessoa mais próxima dela, é quem ela considera um porto seguro e com quem ela não tem medo de mostrar todas as suas versões.

Por outro lado, talvez não seja mentira que as amigas parecem sempre estar muito ocupadas com a própria vida. Mas também achei necessário esse "afastamento" pra desenrolar a história dela com o Hyunjin. Esse é um dos principais pontos dessa história.

Além do mais, mesmo a história sendo narrada em terceira pessoa, ela é narrada do ponto de vista do personagem que protagonizar a cena. Se for uma cena do Minho, será narrada em terceira pessoa, expondo o ponto de vista dele da situação. O mesmo com todos os outros personagens.
Por isso, mesmo em cenas em que acontece interações com as amigas, o foco acaba voltando pro Hyunjin. É o ponto de vista dela, o que mais chama a atenção dela e, possivelmente, o que ela considera mais importante no momento. Principalmente pelos sentimentos que tem em relação a ele. Mesmo antes de percebê-los.
Essa dinâmica foi escolhida com o objetivo de permitir que cada personagem conte sua verdade.

O comportamento de cada personagem, carrega suas raízes, assim como na vida real.
Alguns motivos se fazem conhecidos, outros não. Mas não significa que não existam.

Sendo assim, qualquer semelhança com a tal da s/n não passa de mera coincidência.