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-Essa torta é a melhor que eu fiz até hoje - diz o pai de Sophia colocando a forma em cima da mesa.

A garota mal podia esperar para avaliar a receita do pai, que era um cozinheiro de mão cheia. Ele era bom em fazer doces também, mas a especialidade dele eram os temperos.

-É, o senhor disse a mesma coisa da última vez - disse Sophia.

-E vou dizer na próxima.

-Convencido.

O pai de Sophia cortou um pedaço e colocou no prato da filha. Mesmo que todo o processo pra cozinhar fosse demorado, os elogios valiam a pena.

-E então? - Perguntou o pai curioso.

-TÁ INCRÍVEL! - Disse a garota, raspando o prato.

Sim, ele podia ser cozinheiro, sem exagero. Ele já tinha aberto uma lanchonete quando a garota era mais nova, mas acabaram fechando por vários motivos, começando pela rotina de ter um comércio em outra cidade.
O pai de Sophia, por conta das várias conexões com amigos de outros países, tinha um negócio voltado para comércio exterior, patentes, ideias e lançamentos.
O pai de Sophia se sentou numa cadeira de frente para a filha.

-Filha, lembra daquele negócio que eu te falei? Aquela ideia do Japão, que eu trouxe da última vez?

-Lembro sim, pai - disse Sophia, atacando mais um pedaço da torta.

-Então, um fabricante estadounidense entrou em contato e, vou fazer uma viagem amanhã. Volto em alguns dias. Tudo bem? Você não vai ficar sozinha. Já conversei com o meu sócio e a esposa dele disse que cuida de você como filha, além do mais, pode dormir na casa das suas amigas se quiser, você sabe que eu sou liberal com você.

-Tudo bem, desde que não seja por muuuuuito tempo - disse Sophia.

Ela não ligava. Desde pequenininha o pai sempre viajava por conta do trabalho. Por esse motivo ela já tinha morado em um ou outro país, antes de se estabelecer ali, onde passou 12 anos.

Depois de se certificar que não aguentava mais nenhum pedaço da torta, ela foi para o quarto. Era quinta-feira. A festa seria no sábado. Ela olhou para a porta do guarda-roupa e pensou em se esconder ali, e não sair até domingo. Mas não dava. O pai de Sophia a deixaria na escola na manhã seguinte e iria para o aeroporto.

Na falta do que fazer, olhou para a estante, vendo todos os seus livros. Leu título por título e não teve vontade de ler nada. Por isso, decidiu ir até uma biblioteca e ver se achava algo diferente. Tirou o pijama, pegou uma bolsa para colocar os livros que iria pegar e foi para a biblioteca.

Era realmente incrível. Tantos temas, autores, histórias, descobertas, tantas viagens separadas por prateleiras.

Ela decidiu pegar algo sobre psicologia, outro livro sobre direito e, não podia faltar, um livro de romance.

Sophia, quando pensava em exercer alguma profissão, procurava um livro que falasse a respeito. Assim ela descobria se gostaria ou não de trabalhar com aquilo.

Após escolher os livros, deu uma última olhada nas prateleiras para ver se nenhum outro título chamava sua atenção. Então, ela começou a ouvir no corredor da frente, sussurros acompanhados de risadas. Mais um casalzinho que achava que biblioteca era lugar de ficar de gracinha.

Ela percebeu o incômodo de algumas pessoas dentro da biblioteca, mas nem os olhares de desaprovação param a risada da garota. Sophia tentou ignorar, pegou um livro aleatório e começou a folhear as páginas, mas não conseguia se concentrar. Ela, então, já sem paciência, mexeu em alguns livros da prateleira na intenção de conseguir ver de quem eram as vozes.

Para Sempre Enquanto Dure - HWANG HYUNJINOnde histórias criam vida. Descubra agora