⟡ CAPÍTULO 10 ⟡

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   Voltei quase correndo para o meu quarto depois do que havia acontecido na piscina

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   Voltei quase correndo para o meu quarto depois do que havia acontecido na piscina. Eu não estava preparada para ser pega tão de surpresa. Em meu corpo eu ainda podia sentir o calor da pele de Jafari. Não era apenas o calor do sol e do verão, ele era quente por natureza própria. Respirei profundamente e sentei na ponta da cama, deixando meu corpo cair para trás. Apesar do desejo que sinto por ele, hoje percebi com aquela proximidade, que ainda não me sinto completamente preparada para me entregar, mesmo por uma noite, a algum homem. Algumas cicatrizes de Enrico emergiram nessa multidão de acontecimentos e novas sensações. Isso me fez sentir um ódio imenso, junto com um aperto no peito. Aquele maldito me quebrou em tantos pedaços e eu continuo recolhendo os cacos mesmo a quilômetros de distância.

Nesse momento ouvi o meu celular recebendo mensagens dentro da bolsa. Levantei e fui até lá pegá-lo. Eram mensagens de meu pai. Achei estranho, pois tinha conversado em uma ligação com ele hoje pela manhã. Resolvi abrir para ver o que ele havia mandado. Havia uma única mensagem, curta e direta: "Em alguns dias chegaremos aos EUA. Você irá finalizar as coisas com Enrico". Ele queria dizer que o trará para cá e eu mesma daria cabo de sua vida. Respirei profundamente para alinhar os pensamentos e apenas respondi: "aguardo maiores instruções".

Observei aquela mensagem com firmeza, sem saber direito o que sentir. Desliguei a tela e caminhei até uma poltrona na varanda. Sentia o meu corpo levemente amortecido. Parece que muitos dos meus demônios emergiram de um poço lamacento e se reviravam dentro de mim, tentando se livrar daquela imundície. Fiquei observando o nada por alguns instantes, enquanto pensava em muitas possibilidades do que eu poderia fazer com ele em minha frente. Meus pensamentos estavam um pouco desconexos nesse momento, não conseguia raciocinar com a frieza que eu precisava. Liguei novamente o celular e mandei uma mensagem a Paolo, único que verdadeiramente eu confiava, e pedi para que viesse até mim. Ele saberia me conduzir nesse momento. Em alguns minutos, ele apareceu na porta do quarto.

[Paolo] ­Posso entrar?

Fiz sinal que sim, indicando a poltrona ao meu lado. Admirei o sol se escondendo ao horizonte enquanto Paolo se acomodava. Respirei profundamente para começar a falar, porém antes de eu dizer qualquer palavra, ele se adiantou.

[Paolo] Imagino por que me chamou aqui... — Olhei-o.

[Donatella] Você já sabe?

[Paolo] Ele me avisou hoje de manhã.

[Donatella] Sim... Em alguns dias...

[Paolo] Não poderia ser diferente... — Paolo falava calmamente.

[Donatella] É doentio eu me sentir aliviada? E até mesmo feliz com essa notícia? Eu mesma vou ter o poder de retribuir todo o mal que ele me fez.

[Paolo] Eu acho natural o sentimento. E eu estarei lá ao seu lado. Aliás, eu... — Ele abaixou a cabeça e segurou a testa com uma das mãos. — Só queria ter te ajudado antes, Dona. Nunca vou me perdoar em não ter percebido que você estava em perigo.

[Donatella] Ei, Paolo... Não foi culpa sua. Nunca, jamais, se sinta assim. — Estendi a minha mão e coloquei sobre a mão de Paolo. Ele segurou-a com força. — Quando eu chamei você estava lá. Foi você quem me salvou das mãos daquele monstro e ninguém vai tirar essa gratidão eterna de mim.

[Paolo] Mesmo assim, me desculpe por não estar lá antes... — Ele me olhou com tristeza nos olhos. — Antes de Enrico te machucar...

Paolo nunca havia falhado com a nossa família. Levantei-me e fui até ele, abrindo os braços. Paolo também se levantou, me abraçou com muito carinho e eu deixei minha cabeça repousar sobre o seu peito. Ele me deu um suave beijo no topo da cabeça. Separei-me do abraço e olhei fundo nos olhos de Paolo. Dentro de mim, meus demônios se transformaram em uma única mancha sem vida e de puro ódio.

[Donatella] Você estará lá comigo, como sempre esteve com a minha família. Essa mancha será limpa para sempre.

[Paolo] Estou contigo, mi piccola. Em tudo.

[Donatella] Sua fidelidade é muito importante. Grazie di tutto.

Paolo me deu um beijo na testa, enquanto afagava meus cabelos, em seguida nos sentamos em um silêncio confortável de alguns minutos, ao passo que o sol terminava de dar espaço à noite quente que estava por vir. Assim que escureceu, Paolo se retirou para se preparar para o jantar e deixar-me fazer o mesmo, já que ele sabia o quanto eu demorava para me arrumar. Por mais alguns momentos eu fiquei olhando aquela mensagem, repassando o inferno que foi a minha vida no último ano. Relembrando cada tapa, cada agressão e tudo o que eu ouvi dentro daquele cárcere. Meu ódio foi alimentado, assim como a minha ansiedade para acabar com isso. Peguei meu celular e mandei mais uma mensagem ao meu pai: "O senhor sabe que não o farei rapidamente. Encontre um lugar reservado e traga tudo o que preciso. Obrigada, papà".

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