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Um ano de tortura havia se passado

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Um ano de tortura havia se passado. Um ano de abusos físicos e psicológicos inimagináveis para alguém na posição de Donatella. Filha única e herdeira do grande Vicenzo Giordano, chefe da família comandante da máfia centralizada na cidade italiana de Sicília.

Na Sicília as coisas aconteciam dessa maneira. A máfia comandava a cidade, estendendo seus tentáculos para outras cidades italianas. Eram cinco famílias: Giordano, Esposito, Mancini, Pellegrino e Sartori. A maior delas, de maior destaque, mais antiga e com maior número de funcionalidades eram os Giordano, seguido dos Sartori. Essas famílias possuíam hierarquia interna, na qual geralmente havia um chefe que comandava a família. Normalmente, o patriarca. Em sua ausência, no caso de morte, seguia o filho homem primogênito. E assim por diante. Na hierarquia externa, os chefes com maior poderio de comando, estabelecimentos, alianças, respeito e capital, tinham mais peso nas decisões.

Há décadas, os Giordano haviam conquistado essa posição por sua impecável dedicação nos negócios e respeito com as outras famílias e população italiana. Vicenzo era quem comandava e tinha conhecimento sobre todos os negócios de todas as outras famílias. Isto é, os outros chefes tinham de prestar contas sobre tudo a Vicenzo. Qualquer nova aliança, comércio ou estabelecimento, legal ou ilegal. Um homem extremamente inteligente, calculista, frio quando precisasse e amoroso nos momentos corretos. Não havia espaço para erros nos passos de Vicenzo e Donatella cresceu nesse mundo. Era a primogênita e herdeira dos negócios. Vicenzo nunca se importou que ela fosse uma mulher para assumir o cargo, também nunca tentou, nem ao menos pensou na possibilidade de tentar um filho homem. A filha era o tesouro mais precioso de Vicenzo. Diariamente, durante toda a criação de Donatella, a preparou para isso, tornando-a uma mulher implacável e impecável. Passou a se sentar à direita do pai em todas as ocasiões após a morte, por doença, de sua adorável mãe, Grazia Giordano. Conviveu com as palavras lealdade, família e negócios por toda sua vida. Não tinha medo de matar se fosse preciso. Muito menos Vicenzo isentava a filha desse tipo de situação. Nada dava medo em Donatella.

Todavia, no meio desse caminho de perfeição, se envolveu com Enrico Sartori, o primogênito da segunda família mais poderosa da Itália. Os dois engataram um romance de paixão na visão de Donatella e de posse e poder na visão de Enrico. Para ela, era perfeita a união. Havia sentimento. Já para Enrico, era apenas a sensação de possuir a única herdeira Giordano para si. Ele era o primeiro a quem Donatella entregou verdadeiramente seu coração e Enrico o estilhaçou em milhares de pedaços.

As coisas saíram do controle pouco tempo após o início. Ele a emaranhou em um interminável ano de abusos envolvendo tudo o que Donatella mais amava: seu pai e o nome de sua família. Ela se viu sem saída. As violações, primeiramente psicológicas, abalaram toda a confiança que ela construiu em sua vida. Em seguida vieram os abusos físicos. Pequenos empurrões, depois hematomas. Em alguns meses ele a proibia de sair para ninguém ver os machucados, trancando, muitas vezes, Donatella no quarto.

A situação se tornava ainda mais difícil quando falávamos em alianças de famílias. Enrico não poderia simplesmente ser denunciado. Ninguém acreditaria. Um escândalo como esse exigiria provas bastante concretas. Então, Donatella com muito cuidado, teve de juntá-las. Começou a esconder gravadores de voz e o celular gravando vídeos em lugares estratégicos, onde ele não conseguiria ver. Para obter essas provas contra Enrico, ela teve de aguentar aquela tortura por mais alguns meses. Mas Donatella conseguiu. Com muita força, raiva, determinação e um desejo interminável de vingança, juntou um dossiê de imagens, vídeos e voz de todos os abusos.

Quando sentiu que era o momento, ela conseguiu contactar Paolo Pellegrino, fiel escudeiro de seu pai e velho amigo seu, que fazia de tudo pela família Giordano. Pediu ajuda para ele e ambos bolaram um plano rápido. Paolo apareceria de repente, dizendo que ouviu conversas sobre Donatella estar na cidade e que Vicenzo exigia uma visita da filha. Enrico não poderia negar. E, de fato, ele não conseguiu enrolar Paolo. Estavam na presença do patriarca Colombo, o senhor Matteo, o qual não sabia nada sobre as agressões e perversões do filho. Então, assim, Donatella, sob uma ameaça ao pé do ouvido, conseguiu escapar de seu cárcere.

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