Prestes a Transbordar

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Jughead

Ao sair da casa de Veronica senti o mundo inteiro desabar encima de mim.

Pilotei o mais rápido que podia para o trailer e estacionei a moto o mais jeitosamente que poderia conseguir numa situação dessas.

Meu coração estava acelerado e eu até mesmo conseguia sentir cada gota do meu sangue correndo tão rápido quanto um rio em processo de degelo em minhas veias. Andei de um lado para o outro numa tentativa falha de me acalmar e olhei com raiva para uma árvore que estava a menos de cinco metros de mim.

Comecei a desferir socos contra ela o mais forte que podia.

A cada golpe sentia uma dor lancinante mas não era ruim, era bom, mas num dado momento fui arrancado dali e jogado para longe, direto no chão pedregoso.

— ESTÁ LOUCO GAROTO? — perguntou ele aos berros e senti o cheiro de álcool.

Revirei os olhos. E eu ainda achava que a noite não poderia piorar.

— Me deixa em paz. — respondi baixo mas ainda com firmeza.

— NÃO! Você ainda é de menor e qualquer merda que aconteça com você é minha responsabilidade, então não, não te deixo em paz. — respondeu ele e olhei para o chão com raiva. — O que diabos aconteceu para você estar assim? — perguntou ele pegando meu queixo com força me obrigando a olhá-lo.

— NÃO TE INTERESSA! — levantei gritando com ele. — VOLTA PARA O BAR E FIQUE LÁ.

— Olha aqui seu merda você não me diz o que fazer, vamos lá pra dentro e eu vou fazer um curativo nessas mãos e não quero ver você metido em mais problemas entendeu? — perguntou ele praticamente rosnando pra mim.

Olhei para ele raivoso e concordei silenciosamente, não adiantaria discutir, com toda certeza ele me venceria pelo cansaço.

— Vamos garoto. — ele apoiou uma das mãos no meu ombro e entramos.

Ao entrarmos ele pegou uma pequena caixa de primeiros socorros e a deixou sobre a mesinha de centro da sala e então foi até a geladeira e pegou duas garrafas de cerveja estendendo uma delas para que eu a pegasse.

— Não estou com sede. — falei me recostando para trás.

— Ótimo! Não estou lhe oferecendo água, pegue, você claramente está precisando, você está péssimo. — respondeu ele e eu a peguei a abrindo e tomando longo gole. — Devagar rapaz, ainda tenho que fazer esses curativos.

Tentei não fazer nenhuma expressão enquanto ele higienizava os ferimentos da minha mão.

— O que houve garoto? — perguntou ele.

— Nada demais, só mais uma coisa dando errado na minha vida. — respondi amargurado.

— Então já deveria ter se acostumado não acha? — respondeu ele.

— Não, não me conformo com tudo dando errado na minha vida e apenas ficar olhando sem fazer nada a respeito. — respondi afiado recebendo um duro olhar como resposta. — Não sou esse tipo de Jones.

— É mesmo garoto? E acha que sua vida está melhor por isso? — perguntou ele.

Apenas fiquei em silêncio.

Por um lado ele tinha um ponto, o fato de eu não me conformar não significa que estava na melhor por isso até porque eu ainda continuava me ferrando, é só olhar para esta noite e o que vem acontecendo nos últimos tempos.

— Isso não importa agora. — respondi.

— Tem razão, tem muita coisa para acontecer por aí. — disse ele atraindo a minha atenção, levantei a cabeça lentamente para encará-lo.

The Secret   (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora