Dezoito anos se passaram desde a guerra contra Erawan e Maeve; dezessete anos desde a união entre Adarlan e o Reino das Bruxas e, até então, tudo está na mais perfeita estabilidade.
A futura geração de Erilea, os herdeiros, assim como os pais, têm...
Não me dou conta do quão cruel eu consigo ser Pois, às vezes, eu posso tratar as pessoas Que amo como joias Porque posso mudar de ideia a cada dia Não foi minha intenção te usar
— Sorry
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ASTERIN
ᴀɢᴏʀᴀ
Meu quarto era, desde que eu nasci, uma coisa simples perto do que o quarto de mamãe e papai era.
Ele era inteiro cinza e branco, cores neutras que sabia que jamais me irritariam ou que não ofuscavam minha visão, como o vermelho e dourado do quarto Real. Tinha uma janela panorâmica bem em frente à porta, que dava para a vista frontal de Forte da Fenda e a pontinha serena do Avery, onde o deque descia com o sol. O banheiro ficava na parede esquerda, e a cama enorme ficava logo ao lado da porta de entrada, sem dossel, porque aquilo era um exagero para uma só pessoa. Bem de frente para a minha cama, logo após a janela, uma enorme varanda com um sofá adornava as paredes lisas, com a vista de frente para a cidade.
Também tinha uma estante de livros à direita em forma de U invertido, porque, no meio, havia um sofá de lugar único onde eu podia me sentar para ler, como se os livros ao meu redor me protegessem do tédio que era o mundo real. Meu passatempo preferido sempre foi mergulhar em mares de palavras desconhecidos e ignorar a areia cortante ao redor da praia, pois, dali em diante, só me importava com o que acontecia nas páginas e histórias narradas.
As estantes não estavam completas, até porque, na maioria das vezes, eram os livros de romance erótico que eu roubava da biblioteca e deixava no meu quarto - eu sabia que não iriam se importar, quer dizer, ninguém lê aquilo em uma imensidão de outros livros. Ainda havia uns doze espaços vazios esperando que eu os ocupasse com mais volumes.
- Ele era loirinho, tinha o olho azul, era alto, musculoso e tatuado, Asterin. É sério.
Encarei o rosto de Lisa com o tédio estampado em minha cara.
- Ou seja - cruzei as pernas em cima da cama -, igual a todos os outros caras que você já deu um pé na bunda.
- Do jeito que você fala parece que sou uma babaca.
Não respondi nada, mas Elysian era esperta o suficiente para saber a essência de minhas palavras não ditas.
- Vá se ferrar. - ela bufou, como eu esperava. Talvez Lisa estivesse um pouco inquieta, pois já faziam alguns minutos que ela não se sentava de jeito nenhum na cama ou na poltrona de leitura. Só ficava andando para lá e para cá em meu quarto, arrastando as botas pelo carpete e me irritando com os barulhinhos do sapato. - Acho que da próxima vez, vou dar uma chance para o sortudo.
