Capítulo 4 - LOST

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                               Eu daria qualquer coisa para ouvir
você dizer mais uma vez
que o universo foi feito
só para ser visto pelos meus olhos

— Saturn

— Saturn

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ASTERIN

Não havia nada naquele limbo dentro do redemoinho de escuridão.

Não conseguia ver nada, tampouco ouvir. Mas tinha certeza de que, em algum lugar em minha cabeça, eu conseguia ouvir o grito apavorado de Elysian ressoando.

Uma fumaça cinzenta nos rodeou como em um lençol; o ar frio penetrava pela pele como agulhas finíssimas, que não deixavam a dor perdurar. A sensação de estar sendo engolida penetrou em meu corpo e fez várias voltas em minha barriga. Eu vi luzes: amarelas, roxas, azuis. E então borboletas. Talvez estivesse vendo um imagem do meu estômago se remoendo naquele momento.

E então, vi estrelas. Milhares delas. Pequenas e grandes, uma mais brilhante que a outra, formando um mar de inúmeras galáxias e mundos diferentes em uma pradaria horizontal. Era tudo o que eu era capaz de ver depois de tantas voltas e apagões dentro do nada.

Meu estômago se revirou conforme uma força irrefreável me empurrou para baixo, quase esmagando minha cabeça e meus pés quando  finalmente pisaram no chão.

O choque fez meu corpo balançar no próprio eixo.

Só quando estava totalmente estabilizada, tocando o solo com as botas e sem forças ou ventos ou estrelas agindo sobre mim, meus sentidos retornaram.

O movimento de ondas soava ao fundo, como se estivéssemos em uma praia vazia, mas, aos poucos, os sons de vozes e de uma cidade cheia e agitada começaram a perfurar minha audição. Mais alto, mais alto, mais alto a cada instante.

Um frio atingiu meu corpo de imediato, provavelmente o sol frio da noite, queimando sobre meu macacão de couro.

Quando abri os olhos, parecia estar sonhando.

Estávamos no meio de uma rua, e pessoas passavam ao nosso redor, praticamente ignorando nossa presença. A maioria não tinha orelhas pontiagudas, mas outros tinham, grande parte com olhos brilhantes e sorrisos calmos. Alguns tinham asas, outros apenas carregavam sacolas nas mãos, vestígios de uma noite de sexta-feira próxima ao término.

O céu daquele lugar... parecia um manto infinito de estrelas incontáveis, cada uma mais brilhante que a outra. Elas refletiam no mar raivoso com o brilho estonteante, quase tão iluminadas quanto os pontos de luz que adornavam as ruas.

𝗗𝗘𝗦𝗧𝗜𝗡𝗔𝗧𝗘𝗗, tog next generationOnde histórias criam vida. Descubra agora