᯽ CAPÍTULO 4 ᯽

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Onde tudo ficou tão perdido? Faz uns dois dias que não vou pra lado nenhum, estou em casa fazendo exatamente o que eu disse que faria, me dando um tempo. Eu já chorei muito de saudade, já fiquei horas e horas pensando no momento em que me ligaram de um hospital avisando que meus pais havia sofrido um acidente de carro e a tradicional frase: “Infelizmente eles não resistiram.”

  Era o auge da vida deles, e da minha também. Eles eram advogados muito respeitados, os melhores, com o número mínimo de causas perdidas. Nos últimos meses e quase não via os dois, pareciam esta focados demais em um tipo de caso que tinham pegado pra trabalhar juntos, e eu vivia na faculdade, focada em me tornar uma advogada ainda melhor. De repente, tudo parou, tudo mudou em questão de segundos de vacilo no trânsito, pelo menos é o que me disseram, meu pai havia cochilado no volante e toda a tragédia aconteceu. Nunca quis saber do boletim de ocorrência, laudo da perícia, autópsia, nada do tipo eu procurei e porque não ir até a delegacia procurar por esses documentos hoje? E quem sabe eu não encontro com o policial gostosão.

A partir deste dia, não tem mais festas, bebedeira por um bom tempo, tudo que eu quero é me dar essa chance de entender tudo o que houve naquele dia e o levou a minha vida com a família acabar em tão pouco tempo. Pedi a ajuda da governanta, Sandra o nome dela, pra me arrumar e eu queria especular um pouco o acontecimento daquele dia, minha memória é minha vaga em relação a isso:

  — Sandra, no dia que aconteceu o acidente, a gente tinha visita aqui em casa? — disse vasculhando o guarda roupa e ela com toda a sua classe e postura me observando.
  — Havia sim, senhora. Não me recordo se a senhora o viu, mas o seu tio Garcia estava aqui no momento em que aconteceu o acidente, ele ficou no escritório dos seus pais por um bom tempo dizendo que estava adiantando um trabalho deles. Minutos antes da notícia, ele foi embora e disse que voltaria mais tarde. — ela contou tudo com bastante calma e cuidado.
  — Estranho, não me lembro mesmo. Mais estranho ainda ele estar no escritório deles onde nem eu podia entrar.
  — Foi o que pensei, mas ele disse que tinha a autorização deles para aguardar ali.
  — Muito estranho.

  Meu tia Garcia também é advogado e não do tipo bom, do tipo que trabalha pra pessoas bem sujas e corruptas como os deputados e governadores daqui. Não estava com tempo pra escolher muita roupa, coloquei apenas um dos meus vestidos mais longos e justos ao meu corpo e claro, um salto alto, mas dessa vez eu coloquei o escarpam preto de sempre, coitadinha já está até velho, mas é o mais confortável, eu correria uma maratona com eles.

  — Bom, eu vou indo. Preciso correr atrás de algumas coisas. Se lembrar de algo, por favor, me conta. — olhei bem profundamente nos olhos afim de que ela entendesse que qualquer informação seria útil.
  — Sim, senhora.
  — Sai dessa de senhora, ainda estou bem jovem. — ela riu e se retirou.

   Como estou suspensa do meu direito de dirigir foi obrigada a chamar um uber e é chato ficou esperando, se tivesse com o meu carro, já estava a delegacia a muito tempo.
 
  Quando eu desci do carro me veio um certo desconforto, uma sensação de que eu não ter boas notícias, mas enfim, é pra isso que eu vim. No momento em que eu entrei ali dentro estava uma loucura, cheio de pessoas, pessoas sentadas, pessoas de pé, pessoas brigando, nada que não seja comum de se ver em um delegacia. Claro que eu não vou pegar fila, com jeitinho eu me aproximei da mulher que estava ali de bobeira atendendo o telefone e mexendo em alguns papéis.

  — Com licença. — esperei que ela pelo menos olhasse pra mim — Ei, moça, eu..
  — Você é a próxima da fila? — disse num tom frio e ainda nem olhou nos meus olhos.
  — Eu só quero uma informação.
  — Todos atrás de você quer  estão aguardando, final da fila por fazer.
  — E se for urgente?
  —  Já teria me passado seu nome. A senhora por um acaso é Diana Marcone, esposa do traficante que foi preso há duas horas? — neste  momento ela me olhou de cima a baixo e eu estava indignada com aquelaa situação.
  — Não.
  — Então vai pro final da fila, ela é a única que pode passar na frente porque tem que prestar depoimento.
  — Eu só quero..

UM AMOR FORA DA LEIOnde histórias criam vida. Descubra agora