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Rage

Eu ouvi tudo o que Naty tinha pra me contar. Eu sabia como ela se sentia, eu havia perdido minha familia, a solidão foi minha companheira por muito tempo, até eu encontrar um cachorro grande caramelo e machucado, que após eu o ter ajudado, nunca mais foi embora. Foi nomeado seu nome quando minha mãe contou que a luz que rasgava o céu a noite se chamava raio, e o cachorro seria luz na escuridão da minha solidão, ele não falava mas parecia entender e obedecer e me fazia companhia.

Agora essa humana aqui demonstrando toda sua fragilidade também correndo risco por sua raça.
Ela é boa no que faz, pegou mais peixes do que eu, cozinha bem, a observei preparar o jantar em um silêncio estranho, ela sempre tentava arrumar assunto e eu a ignorava a deixando falar sozinha, não é que eu não gosto, aprecieio o som de sua voz.
O silêncio hoje depois de contar sua história está me incomodando.
Soube que dona Maria não é sua mãe de verdade, que a tal Maria a encontrou jogada proximo a mata perto de sua casa, certamente ela teria sido refeição de algum lodo, ou animal qualquer que morasse por lá, essa Maria criou um filhote que não era dela, me surpreendendo como a raça humana é tão ruim ao ponto de jogar fora sua propria cria, e mais surpreendente ainda que uma humana fêmea criei um filhote que não é seu sozinha. Minha mãe falava que a humana que a ajudou era diferente de todos os outros, e agora descubro mais isso.
Enquanto a observo mexer a panela, intrigado por seu silêncio me aproximo por traz sem fazer barulho para sentir seu cheiro, algo parecia errado, ela não era quieta.

Quando respirei fundo no seu pescoço, senti seu braço arrepiar e um sorriso no canto da boca se formar, me afastei a olhando nos olhos, aquele azul do céu parecia esconder tanto segredos.
Ela serviu os peixes e comeu sem esperar por mim, em silêncio jantando ela lavou os pratos sujos e esquentou uma grande quantidade de água, o que eu achei estranho se fosse para fazer um chá.
Com um balde de água quente ela se afastou para o cômodo que antes era da humana Maria, onde a mãe dela dormia, e eu fui atrás para saber o que ela estava fazendo.

Naty- Rage, eu vou me banhar, preciso ficar sozinha tá bom.
- Porque?
Naty- Oras você disse que eu estava cheirando mal, entao vou me limpar.
- Humana estranha,  você não cabe no balde tem que banhar no rio.

A cada hora que passo a observando, percebo como os humanos são estranhos,. Ela quer se banhar em pleno inverno. E acha que cabe em uma vazilha pequena. Aquele balde caberia um filhote bem pequeno, como o de uma cabra talvez, porque se fosse um filhote como da jussara( vaca) também não caberia.
Naty- Está frio Rage! preciso me banhar você poderia me deixar sozinha?! vou fechar a porta.
- Por que quer fechar a porta está pensando em fugir?

Talvez seja apenas uma armação para fugir pulando a janela, se bem que tenho DNA felino e a pegaria facilmente como se fosse uma presa.

Seu tom de voz se tornou mais autoritario.
Naty- Pare de ser chato e SAIA!!
- Eu quero ver como você toma banho.

... Será que tem pelos como eu...

Ela arregalou os olhos e ficou vermelha, será que está doente ? Mais uma vez me aproximei respirando fundo em seu pescoço, ela se arrepiou e com dois passos para trás se afastou.
- Porque está vermelha? está doente?
Ela respirou fundo, olhando pra baixo.
Naty- Estou com vergonha, você não pode me ver tomar banho, isso é errado.
- Por que todos os dias quentes eu e meus pais Íamos tomar banhar no rio.
Naty-  É errado porque você é homem.

Eu gruni com raiva, e senti seu cheiro ruim de novo.
- Eu não sou homem, sou MACHO.
Naty- Desculpa não precisa ficar bravo, é que sou fêmea e Donzela por isso você não pode me ver nua.

Respirei fundo sem entender nada, ela fala de forma dificil, é por isso que não gosto de falar com ela.
- O que é donzela ?

Ela ficou ainda mais vermelha com as mãos no rosto e gruni nervoso de novo, que humana chata.
Naty- Eu posso me banhar e depois te explicar tudo.?
- NÃO!.. me responda agora.
Naty- Não, se não a água vai esfriar.

Ela fechou a porta na minha cara, e ainda alterou o ton de voz,  eu poderia facilmente derrubar a porta,  mas vou dar um voto de confiança, ainda em pé próximo à porta ouvir o barulho de água caindo e sua respiração pesada.

01/08/2021
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