Capítulo 05 - Fim do Mistério, os Anjos Também se Enamoram

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Eduardo conhece o garoto do início da rua e acaba em seu quarto...


Mal o dia amanhecera, Eduardo já estava de pé e arrumando as suas coisas para ir embora. Quase não entrava luz no quarto, e as poucas réstias que existiam refletiam um tom sépia que pintava o quarto como cena de filme antigo.

Quase se escutava a pianola ao fundo.

O rapaz tomava muito cuidado para não acordar Camila, que ainda estava deitada, toda encolhida, virada para a parede.

Duda primeiramente trocou de roupa, dobrou o pijama e colocou na mochila, depois, quando ia calçar a meia, ouviu a voz de Camila:

- Porque está arrumando suas coisas?

Eduardo voltou-se e olhou para a cama.

A garota continuava na mesma posição.

Encolhidinha, toda miúda como se tivesse cólicas.

- Já está acordada? – Eddie indagou sem jeito. Sua voz voou macia, embrulhada em cuidado.

É lógico que estava acordada.

- Eu não consegui dormir a noite inteira – Camila respondeu. Articulava as palavras como se as mastigasse, muito duras eram e podiam lhe machucar.

- É... – disse Edú – eu também não preguei os olhos.

- Já vai embora? – ela quis saber, e para Eduardo nunca a voz da namorada lhe parecera tão magoada.

- Daqui a pouco... – respondeu o garoto, muito sem graça, já terminando de arrumar seus pertences.

Era meio como se tivesse sido pego com a boca na botija, um ladrão na iminência de deixar a cena do crime de modo desonrado, covardemente após o delito.

- E ia embora sem me avisar?

- Não! É claro que não – disse Ed, desculpando-se, fechando a mochila e colocando-a nas costas – Ia te beijar em despedida e avisar que estava indo para casa.

- Ah... – fez Camila. Virou-se para ver o namorado.

- Mas eu não ia agora... agora...

A garota observando o rapaz já vestido e de mochila nas costas disse
amarga:

- Não... Claro que não – e virou-se novamente para a parede.

- Pois é! – fez Edu, esfregando uma mão na outra, tentando não sumir de vergonha.

- Creio que não vai cumprir sua promessa, não é? Você tinha me prometido que ia almoçar aqui.

- É... Eu sei.

Um silêncio monstruoso invadiu o quarto.

Fazia parte da trama também.

O garoto.

A garota.

O silêncio.

Lá de fora, bem ao longe, ouviam-se apenas os pássaros cantando vindo saudar a manhã.

- Pan tocou a flauta...

- Hein? – fez Eduardo, sem entender nada.

- Você sabe quem é Pan, não sabe?

A Casa do Começo da Rua (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora