Eduardo conhece o garoto do início da rua e acaba em seu quarto...
Mal o dia amanhecera, Eduardo já estava de pé e arrumando as suas coisas para ir embora. Quase não entrava luz no quarto, e as poucas réstias que existiam refletiam um tom sépia que pintava o quarto como cena de filme antigo.
Quase se escutava a pianola ao fundo.
O rapaz tomava muito cuidado para não acordar Camila, que ainda estava deitada, toda encolhida, virada para a parede.
Duda primeiramente trocou de roupa, dobrou o pijama e colocou na mochila, depois, quando ia calçar a meia, ouviu a voz de Camila:
- Porque está arrumando suas coisas?
Eduardo voltou-se e olhou para a cama.
A garota continuava na mesma posição.
Encolhidinha, toda miúda como se tivesse cólicas.
- Já está acordada? – Eddie indagou sem jeito. Sua voz voou macia, embrulhada em cuidado.
É lógico que estava acordada.
- Eu não consegui dormir a noite inteira – Camila respondeu. Articulava as palavras como se as mastigasse, muito duras eram e podiam lhe machucar.
- É... – disse Edú – eu também não preguei os olhos.
- Já vai embora? – ela quis saber, e para Eduardo nunca a voz da namorada lhe parecera tão magoada.
- Daqui a pouco... – respondeu o garoto, muito sem graça, já terminando de arrumar seus pertences.
Era meio como se tivesse sido pego com a boca na botija, um ladrão na iminência de deixar a cena do crime de modo desonrado, covardemente após o delito.
- E ia embora sem me avisar?
- Não! É claro que não – disse Ed, desculpando-se, fechando a mochila e colocando-a nas costas – Ia te beijar em despedida e avisar que estava indo para casa.
- Ah... – fez Camila. Virou-se para ver o namorado.
- Mas eu não ia agora... agora...
A garota observando o rapaz já vestido e de mochila nas costas disse
amarga:- Não... Claro que não – e virou-se novamente para a parede.
- Pois é! – fez Edu, esfregando uma mão na outra, tentando não sumir de vergonha.
- Creio que não vai cumprir sua promessa, não é? Você tinha me prometido que ia almoçar aqui.
- É... Eu sei.
Um silêncio monstruoso invadiu o quarto.
Fazia parte da trama também.
O garoto.
A garota.
O silêncio.
Lá de fora, bem ao longe, ouviam-se apenas os pássaros cantando vindo saudar a manhã.
- Pan tocou a flauta...
- Hein? – fez Eduardo, sem entender nada.
- Você sabe quem é Pan, não sabe?
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A Casa do Começo da Rua (romance gay)
RomanceEduardo é aluno de um curso preparatório para o vestibular. O sonho do rapaz é entrar no curso de medicina da Universidade Federal. Eduardo passa grande parte de seu dia estudando, e quando não está com livros e apostilas, passa um pouco de tempo co...