Capítulo 06 - Os Conflitos Adolescentes se Afloram a Cada Dia

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E a velha guarda se vai... 


O domingo amanhecera com cara de sábado.

Eduardo não sabia se achava isso bom ou ruim. Adorava o dia de sábado tanto quanto detestava o dia de domingo e se levasse em conta que este domingo com cara de sábado de fato fosse sábado, amanheceria em plena segunda-feira tendo uma perspectiva distorcida e enganosa de um final de semana. Ainda mais este final de semana pelo qual estava passando, que sem dúvida estava saindo muito estranho por si só!

Nunca tantas coisas tão marcantes aconteceram para a mesma pessoa em tão pouco tempo e Eddie se revoltava por ter sido ele o escolhido da má sorte do destino.

Por volta da hora do almoço, Eduardo saiu do quarto e foi encontrar os pais no quintal de casa, vestidos em roupas leves de verão, embora esta estação distasse bastante da época do ano em que estavam.

Sônia lia a gazeta de domingo com o mesmo interesse que um legista tem em examinar um cadáver. Seu Antônio estava fazendo uma carne grelhada na churrasqueira. O garoto adorava as carnes que o pai fazia, pois eram sempre muito bem temperadas com bastante limão, gengibre e pimenta. Cada vez que iam para a grelha, começavam a fumegar e imediatamente levantavam um cheiro gostoso que podia ser apreciado a metros de distância.

Fábio provavelmente estaria temperando a carne na casa dele no mesmo instante em que seu Antônio cuidava do seu grelhado com tanto carinho.

Putz! Queria ir no Fábio, mas como pedir para o pai?

E se o velho inventasse de castigá-lo pelo domingo também?

E se o castigo se estendesse pela semana inteira?

Oh! Era horrível demais para se pensar nisso! Eduardo respirou fundo, chegou-se para perto dos pais e cumprimentou:

- Bom dia!

- Boa tarde Eduardo! – a mulher replicou, sem desviar os olhos do jornal.

Seu Antônio, por sua vez, olhou para o filho e resmungou qualquer coisa ininteligível que Eduardo tomou como um bom dia também.

- Filho – a mulher gralhou – vá tirar este pijama agora!

- Já vou mãe!

- Agora! Eu não vou lavar seu pijama hoje, e se ele ficar cheirando fumaça da churrasqueira o problema vai ser seu! Ainda mais porque as roupas de cama estão todas limpas!

- Tá ok mãe...

- Eduardo Braschi! – Antônio vociferou, apontando para o garoto o garfo que usava para espetar o grelhado – Obedeça a sua mãe!

Nem o Diabo em pessoa, queimando no fogo do inferno com o seu tridente mirado para Ed poderia ter parecido tão demoníaco quanto o pai parecera com o seu garfinho de churrasco ao lado do fogo da churrasqueira...

É, o clima ainda pesava por ali...

(***)


- Alô? – fez Eduardo assim que atendeu o telefone – Fábio?

- Oi Edú! – alegrou-se o amigo – E aí? Você vem?

- Nem vou, que saco! A coisa ainda está preta por aqui!

- Humm... A história do cachorro, né? – Fábio concluiu.

- É! – Eddie confirmou – Um porre!

A Casa do Começo da Rua (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora