na verdade eu queria ser um pirata | kuroken.

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Kenma Kozume se rola na grama e bate no muro de pedra e dá uma risada gostosa. Ao seu lado, Hinata Shoyo lê um livro de contos que roubou do castelo do amigo. É um livro de capa dura, marrom e com detalhes dourados, Kenma nunca ouviu falar do título e muito menos teve curiosidade para ler alguma página, mas ele escuta, com um sorriso no rosto, o ruivo recitar um das centenas de contos fofos. A grama curta salpica a pele de Kenma e o deixa com coceira, mas ele aproveita esse momento de liberdade antes que algum dos criados chegue e o mande se comportar como um príncipe.

— Aposto que você só vem me visitar para surrupiar os livros da minha biblioteca — Kenma aproveita a pausa que Hinata faz para beber água.

— E quem não faria isso se estivesse no meu lugar? — ele retruca, e fecha o livro apenas para observar a capa. — Lá no vilarejo não temos essas coisas, preciso aproveitar que tenho o principe como meu amigo e roubar algumas de suas coisas.

— Só não os venda. Se eu não me engano, isso se caracteriza como um crime — o principe se apoia em seus cotovelos.

— Sério? — Hinata se alarma, Kenma estreita os olhos, e o ruivo ri. — Estou brincando, alteza, eu vendo apenas aqueles que eu escrevo, tá?

— Você deveria cobrar mais caro por eles, são muito bons.

— Você leu apenas um.

— Tenho certeza que os outros são tão bons quanto.

Hinata cora, alegre.

— Pare. Além do mais, a vida no vilarejo não é tão luxuosa quanto a do palácio, portanto eu preciso fazer um preço justo e que de para todos conciliarem com as necessidades normais. Agora cale a boca e me deixe recitar.

E ele volta a recitar o conto. Kenma ri com a audácia de seu amigo e enterra a cara na grama, respirando uma formiga. O príncipe adorava aqueles momentos que tinha ao ar livre, as vezes acompanhado de algum amigo que não fosse da realeza, pois isso o fazia se sentir alguém normal e não o principe herdeiro.