Dessa vez, Kenma está acompanhado de Lev Haiba, seu guarda pessoal e amigo próximo, embora o meio russo irrite o príncipe dizendo que essa amizade não é correta. Os dois estão brincando de vôlei... Não, estão apenas tocando a bola um pro outro e de vez em quando recebem com manchete. Na maioria das vezes, Kenma toca para Lev e ele recebe com manchete por causa da diferença de altura, o que não incomoda nenhum dos dois.
Os grilos começam a cantar quando o sol vai se pondo, e os dois meninos podem ouvir os barcos dos piratas chegando no porto logo ao lado do castelo; Eles correm até certa parte da pequena parede de tijolos para ver os piratas desembarcando com suas bolsas de tesouros. Certa vez, Kozume havia irritado Lev para que ele colocasse uma corda presa na grade acima do muro, porque Kenma queria muito observar o mundo lá fora, sob a promessa de que o príncipe jamais pensasse em fugir. Os dois enrolaram os dedinhos e Haiba colocara a corda mais firme que tinha, aquela que aguentou o peso de Kozume subindo todos os dias de todos os anos.
Aquele lugarzinho era o porto seguro de Kenma, e ele subia lá mesmo que desacompanhado. Seus olhos conseguiam ver todas as luzes da vila, seus ouvidos conseguiam ouvir as músicas animadas quando tinha festa durante noite, e seu nariz conseguia sentir o cheiro de muitas receitas gostosas que ele jamais sentiria o gosto. Embora Kenma não soubesse nem um pouco como era o mundo fora do palácio, ele se imaginava vivendo no meio de todo o povo como se fosse um deles. E então ele descia da corda e começava a rodar no gramado, imaginando que estava dançando a música que estivesse tocando no momento, até que algum criado viesse para o recolher.
Voltando ao presente, Kenma se agarra na corda e sobe por primeiro e Lev vem logo atrás. Os dois ficam de pé na ponta do muro antes de enfiar as pernas entre as grades e se sentarem ali, agarrados com as mãos trêmulas no ferro gelado. O castelo fica em cima de um loooongo morro, coberto por árvores e flores, frutíferas ou não, mas ainda assim é capaz de se ver o porto lá em baixo. Os barquinhos são pequenos, com capacidade para uma ou duas pessoas em cada ponta, e os piratas que saem de lá são sempre muito mais diferentes do que os livros dizem. Os barcos não são gigantes e não tem pranchas e longas caravelas; Os piratas não usam tapa-olho e nem um gancho no lugar da mão; E por fim, eles nunca voltam para casa com um baú de ouro, Kenma tem propriedade para dizer que nunca viu nada parecido, mas sim apenas bolsas e mais bolsas molhadas.
Um bem-te-vi pousa numa árvore ali perto e canta. Kenma se assusta, pois nunca viu um bem-te-vi cantar nessa hora do dia, mas acha fofo. Lá em baixo, um garotinho carregando uma enorme bolsa preta olha para cima e vê os cabelos do príncipe balançarem ao vento da tardinha, e então ele para de caminhar a fim reverenciar como sua obrigação e acenar alegremente, dispensando as cerimônias. Kenma o observa. Seus cabelos são pretos como a noite escura e espetados para cima num penteado desengonçado, e uma franja pequena desponta a cima do olho direito como se tivesse sido feita por acidente. O porte físico do garoto se parece com os jogadores de futebol, e Kozume deduz que ele faz parte do time juvenil. Kenma não consegue descrever como são os olhos do jovem e nem o resto do rosto do garoto, mas consegue saber que seu sorriso é convidativo, como alguém que lhe daria mil lições mascaradas em mil brincadeiras. Kozume sente vontade de correr para abraçar o garoto, mas tudo o que ele faz é soltar um muxoxo de desgosto ao ver o menino acenar de volta e sair correndo atrás de seu pai. O principe acena de volta, mas não tem certeza de ter sido visto.
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na verdade eu queria ser um pirata | kuroken.
Fanfictione o que há depois do oceano? kenma quer saber!