Kuroo agarra a mão de Kenma e o arrasta pela cidade. Kenma reclama por não estar enxergando nada, e Kuroo o repreende por ser muito reclamão. Kenma reclama de novo, dessa vez do cheiro horrível de peixe que está sendo obrigado a sentir, e Kuroo o manda ficar quieto e esperar.
Há dez minutos atrás, Kuroo havia deixado Kenma brincando com as madeiras no píer enquanto conversava com seu pai, alegando que precisava sair por apenas meia horinha, e o pai aceitou, mesmo sabendo que essa meia horinha se tornaria uma hora completa. Então Kuroo pegou um dos sacos que a família usa para guardar os peixes que pescam, e o enfiou na cabeça de Kozume, fazendo um rasgo para que sua mão passasse e pudesse segurar a mão de Kuroo pela cidade pequena. Os dois passam por becos, ruas vazias e cheias, barracas, casas, tudo, até que finalmente chegam na casa de Kuroo, cumprimentam sua mamãe e se trancam no quarto dos irmãos.
Kenma arranca o saco dos peixes da própria cabeça e respira ar puro como se não fizesse isso há muito tempo. Ele inspira mais devagar ao sentir o cheirinho de torta de uva, e deseja muito comer um pedaço, pois sua barriga está roncando muito. Ele senta na cama (o colchão é feito de palha de milho, nota), e observa o novo amigo caçar algo no guarda-roupa.
— Que cheirinho bom — Kenma comenta, inspirando mais devagar com os olhinhos fechados.
— São as tortas da minha avó — Kuroo explica, orgulhoso.
Ao abrir os olhos, Kenma flagra Kuroo o encarando. As bochechas de ambos ficam vermelhas e eles desviam o olhar.
— Eu adoraria provar um pedaço, sendo sincero.
— Oh, que bom saber disso! Depois que você vestir essa roupa que separei para você — ele joga um conjunto em cima do príncipe —, eu te levo lá na casa de vovó e aí nós surrupiamos um pouco de torta. Vá.
Kuroo sai do quarto, e Kenma ousa cheirar a camiseta e a bermuda gentilmente dobradas. As roupas tem um cheirinho bom, algo como hortelã e sabão em barra, e Kozume fica feliz em vestir algo com o mesmo cheiro que Kurro carrega.
— Kuroo? — Kenma chama.
— Kenma? — Kuroo responde, sem entrar no quarto.
— Qual é o seu nome completo? — Kozume sobe a bermuda e faz um laço com o fio de couro que passa pela perna.
— Kuroo Tetsuro. E o seu?
Kuroo sabe qual é o nome completo do príncipe, mas finge que não, como se eles estivessem se conhecendo em um dia normal na vila. Duas pessoas normais. Esse gesto deixa o peito de Kenma formigando com a fofura.
— Kenma Kozume — ele responde em um suspiro, e então sorri de orelha a orelha. — Obrigado, Kuroo.
— Nada. Já se vestiu? Saia.
Kenma sai do quarto e fecha a porta, ajeitando o bolerinho verde-musgo. Kuroo está animado, ele bate palmas e vem na direção do amigo aos pulinhos, segundando uma touca e uma máscara, ele pede licença e esconde todo o cabelo de Kenma sob o pano da touca e depois entrega a máscara, que Kenma veste, podendo sentir de novo o mesmo cheirinho de hortelã e sabão de coco em barra. Kuroo explica que, como eles não têm tempo de pintar o cabelo de Kenma para que sua cabeleira loira não chame atenção, eles precisam esconder sob a touca, mas só enquanto estiverem na cidade.
— E onde estaremos se não for na cidade? — Kenma pergunta.
Kuroo coloca as mãos na cintura e encara Kenma como se a resposta fosse óbvia, mas Kozume encara de volta sem expressão nenhuma, realmente não entendendo.
— No mar, oras! Minha família passa mais tempo na água do que em casa, sabe. A gente pesca pra sobreviver — Kuroo suspira e dá de ombros.
— Você vai me levar junto? — Kozume pergunta, e Kuroo jura que vê os olhos do amigo brilharem.
— Vou. Você nunca andou de barco no mar, Kenma? — Tetsuro passou seu braço pelo de Kenma, como uma noiva que entra na igreja acompanhada.
Os dois começam a caminhar para fora da casa.
— Nunca, nunquinha — responde.
— Meu Deus! O mar é simplesmente incrivel, você vai ver! Agora, devemos pegar um pedaço de torta e então vamos para os barcos, porque já estamos atrasados.
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na verdade eu queria ser um pirata | kuroken.
Fanfice o que há depois do oceano? kenma quer saber!