Dia de estudos

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Algumas semanas depois do ocorrido, Alícia nem se lembrava mais de ter dominado tal garoto, estava tomando um café depois de um dia puxado na faculdade, preparando-se para estudar o final da tarde e à noite. Logo quando chegou, de calça moletom acinzentada larga e justa no calcanhar, camisa da atlética branca com detalhes roxos colada no corpo, chinelo branco, cabelo amarrado e óculos de grau preto, com uma bolso com um notebook. Ou seja, estava preparada para uma longa noite (e talvez madrugada) e o motivo de estar ali claramente era só tomar um café perto de sua casa antes de se debruçar em livros. Ela se senta, põe o notebook em cima da mesa e avista a garçonete vindo atendê-la. Nesse meio-tempo, percebeu um homem bonito, forte, de camisa azul, cabelo castanho bem cheio e levemente despenteado, com 27 ou 30 anos a encarando. A iluminação do local não era das melhores, então ela não conseguia enxergar bem, o que dificultou um pouco ver quem era. Mas de duas coisas ela tinha certeza: era gato e a estava encarando profudamente. Alícia então faz o pedido e levanta para ir ao banheiro e mostrar, por mais que nada estilosa no dia, seu corpo que ficava bonito em qualquer roupa do universo. Ela sabia que aquela calça marcava bem a sua bunda, então passou bem devagar ao lado do homem com que flertava com olhares, louca pra ver ele comendo-a com o olho. Ela adorava isso. Adorava passar e ver vários homens olhando-a e a desejando. Vai ao banheiro, retira o top que usava por baixo da camisa e põe na bolsa. Ao sair, já abriu um sorriso. Só de imaginar aquele homem gato daquele jeito se surpreendendo com os peitos dela naquela camisa coladinha. Ao virar a direita da porta do banheiro, vê o deconhecido indo embora andando enquanto guarda a carteira. Ela se frusta, fica um pouco irritada e logo pega seu cigarro eletrônico e dá algumas puxadas pra relaxar. Quando está a apenas a poucos passos de distância de sua mesa, vê o garoto que dominou no seu curso de inglês e leva um susto.
- Que que você tá fazendo aqui?!
Pergunta ela enquanto senta receosa.
- O que você acha?
- Tenho cara de adivinha, otário?! Fala logo.
- Você não percebeu que nunca me viu em nenhuma aula? E que nas últimas 3 aulas também não?
- Sei lá, você tem cara de bobão mesmo. Não costumo reparar tanto no seu tipinho. Você teve sorte de me encontrar desse jeito.
- Não, princesa. Eu me chamo Carlos e sou agenciador de dominatrix. Aquilo no inglês era eu a testando para ver se você realmente era boa como falavam.
- Que? Como assim? Quem falou o que?
- Não te entendi. Enfim e...
- Quem te falou que eu era boa?! Fala, porra!
- ENFIM! -diz Carlos enquanto bate razoavelmente forte na mesa e a encara nos olhos- esse não é um mercado tão regulado, o que quer dizer que pro governo eu só sou um amigo que frequenta e diz frequenta suas sessões pras pessoas.
- Você tá maluco?! Eu não vou trabalhar pra você, cafetão de merda! Some daqui.
- É incrível como você realmente é desobediente como falam.
- QUEM FALOU O QUE? Fala agora! Anda!
Carlos levanta-se e a pega pelo braço e a arrasta, enquanto ela se debate tentando se desvencilhar dele e segurar a bolsa com o notebook ao mesmo tempo.
- Socorro! Alguém me ajuda!
Ela gritava, mas ninguém escutava. Ele a carrega até seu carro, um Porsche Panamera preto, abre a porta do passageiro e a joga dentro. Ela tenta se recompor, enquanto ele arrodeava o carro, e entender o que estava acontecendo. Seja o que fosse, ela não estava entendendo porque aquilo estava a deixando paralisada. Não era medo, era uma espécie de adrenalina gostosa. Ela podia abrir a porta e sair correndo. Mas não queria. Carlos entra no banco do motorista e liga o carro. Um silêncio se estabelece de leve e ele coloca sua playlist usual de fundo.
- Bom, como eu vinha tentando dizer, você vai trabalhar pra mi-
- Eu não concordei com nada!
- CALA SUA BOCA, VADIA! -PÁ! Tapa na cara- Você vai trabalhar pra mim como dominatrix, mas antes tem que passar pelo teste: ser dominada pelo dominador das dominadoras. Eu!
- Nem fudendo! Se fode, otário!
Nessa hora o carro tinha parado no sinal vermelho sem nenhum carro ao lado ou atrás. Carlos pega firme o pulso do braço direito de Alícia e a outra mão vai ao pescoço, entortando-a toda e causando dor nela. Carlos chega bem perto de sua orelha, dá uma mordida em seu pescoço e diz bem baixo em seu ouvido:
- Você é minha putinha hoje. Você vai me obedecer e fazer tudo que eu mandar. Caladinha agora que seu dono tá falando, tá, princesinha? Quietinha igual eu ensinei.
Ele se afasta, enquanto a solta devagar e esta retorna a sua posição original massageando o pulso direito.
- Realmente, quando estávamos apostando que tipo de reação teria, a maioria dos chutes foi em "brat".
- Que porra é "brat" e quem diabos tanto fala de mim?!
- Seus submissos. Sempre pedem para eu te contratar. Dizem que suas sessões são maravilhosas e que você devia estar trabalhando conosco há muito tempo.
- O que? Os homens que eu domino são seus clientes?
- Bom, uma parte sim. E "brat" são masoquistas que resistem para receber mais punição. E eu vou testá-la hoje.
- Nem fudendo!
- Cala a porra da boca, vadia! Abre o porta-luvas e põe a coleira no pescoço, minha linda. Agora. Você vai ficar a coisa mais linda do mundo!
Ela não entende por que sua mão estava abrindo e pegando a coleira de couro, escrito "Carlos". Pôs no pescoço e permaneceu em silêncio. Com uma sensação estranha de adrenalina, ódio e tesão.

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