Capítulo VIII (river of tears)

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NESTA antes

Minha mãe nunca foi o melhor exemplo de mãe do mundo, mas era o único que eu levava a sério. Era ao início que eu tinha. Era o único que eu queria ver. Ela tinha inúmeros defeitos, mas nos amou até o último minuto.

Eu quase nunca vinha aqui, nunca foi meu lugar de paz, mas talvez, hoje fosse certo vir. Sozinha, sem minhas irmãs, apenas eu. Minhas dúvidas, meus medos e transparecendo minhas inseguranças.

Talvez ela precisasse me ouvir. Ou talvez eu precisasse que o vento sussurasse qualquer coisa que me fizesse acreditar que era ela. Que ela ouvia.

Luna Archeron... Mãe.

Aqui agora junto de seu túmulo, olhando o horizonte e todas as coisas que ele tem pra me falar eu me abro.

As pessoas tendem a achar que se você é forte, você não pode transparecer nada além da fortaleza que você criou. Mas elas também esquecem que os maiores castelos estão inabitáveis. Escondidos por muralhas erguidas para proteger o vazio.

Me sento cruzando as pernas em de frete ao seu túmulo. Tento silenciar a agitação da minha cabeça. Me forçando a ter um momento de paz. Pelo menos por agora.

— Sabe mãe... — uma lágrima solitária desce pelo meu rosto — Talvez eu tenha encontrado um cara legal. — suspiro me ajeitando de frente a sua lápide. — Ele é inteligente e engraçado, você sempre disse que isso era importante. Que ele precisava me fazer rir. — digo baixo quando outras lágrimas descem e um meio sorriso brota. — Hoje ele quase disse que me amava. Eu... Eu não saberia o que responder. Eu estragaria tudo se ele dissese.

Um soluço foi tudo que saiu de mim após isso. As lágrimas desciam como cascatas e batiam na grama recém aparada do campo onde ela estava. O lugar mais lindo para o fim. Um campo extenso com gramas verdejantes, lotado de outras lápides. Um extenso campo de vazios. Onde já houvera tanto, agora não tinha nada.

Volto minha atenção para a pedra na minha frente.

— Eu sou tão quebrada mãe... — sussuro — Às vezes eu não consigo entender o porquê precisa ser assim comigo. — digo baixo entre soluços. — Eu vejo todo mundo sendo feliz seguindo em frente mas parece que cada passo que eu dou traz um novo muro e uma parede se forma na frente e eu preciso derrubar. Todo dia eu preciso derrubar uma parede. Todo dia. — digo entre lágrimas. — Eu não mereço ele mãe. Eu nunca vou merecer. — minha voz é embargada pelo choro.

Passo as mãos pelo rosto, tentando remover as lágrimas.

— Ele também perdeu a mãe dele. Mas, ele tem uma família de toda forma e eu fico feliz por isso. — sorrio em meio as lágrimas. — Eu, eu fico feliz. Mas, eles não gostam de mim. Eu sei que não. Eu desperto o pior de Cassian e eles sabem. E talvez ver esses lado dele, machuque eles. — digo baixo. — Ele nunca vai ser meu por completo. Eu sou uma gelatina. Eu não sou sólida. Eu não sou profunda. Se mexer demais eu viro água, e me perco. Se entrar demais, sai do outro lado. Não tem nada além de nada. Eu queria tanto que estivesse aqui. Só mais um pouco.

Olho ao redor, vendo o quanto tudo aqui já mudou mesmo há anos de sua morte. O campo é o mesmo, gramíneas  vem e vão, mas ainda é o mesmo. Ela esta sob a mesma árvore que nunca deixaria de estar aqui. A árvore dela. Que protegia o que restou dela.

— Papai está cada dia pior. — digo baixo. — Viciado em jogos, bebendo mais do que aguenta. Fazendo mais coisas errados do que posso contar. — suspiro. — Elain está cada dia vivendo mais em seu mundo e Feyre está feliz. Alguém precisa estar feliz nessa família.

Nobody Knows | NESSIAN | AU (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora