Nobody Knows | NESSIAN | AU (HIATUS)

Capítulo XVIII (revelations)

NESTA 

Presa na minha mente. Presa nos meus pensamentos, presa em mim. É assim que me sinto. As lembranças embaraçosas de um passado distante mas presente que luta contra mim e se achega. E eu só posso abraça-las.

(•••) antes

Era meio da tarde quando caminhava para casa. Tinha acabado de sair com Cassian, uma saída escondida no carro velho dele por aí, onde não pudéssemos ser vistos. Ele quis me trazer em casa, mas, eu o impedi. Era de se esperar.

Cassian não sabia de meu pai. Ninguém sabia.

Passo meus olhos pela rua estreita que dá lugar a pequenas casas, quase do mesmo tamanho onde moramos. Uma fachada.
Para meu pai.

— Ele não é ruim Nesta, ele não é ruim. Mas poderia ser melhor. — minha mãe disse pra mim quando estava na cama do hospital, debilitada. 

E ele, ele estava com a amante dele em qualquer outro lugar que não lhe custasse seu bem estar. Elain sempre fora um jovem sonhadora. Sonhava com a vida perfeita, sonhava com o amor e todas essas coisas. Feyre era uma moleca, que ainda precisava de atenção pra se trocar, pra fazer as coisas básicas. E eu, a irmã mais velha que recebi o papel de mãe cedo demais.

Meu pai, acabou trocando nossa família pela outra família. E eu o odiava por isso. Tudo que ele não fez por nós, ele fazia por ela. Tudo que ele nunca deu pra nós, ele deu pra ela. E isso me corroía.

Subo para o meio-fio e tento me equilibrar enquanto o vento sacode meus cabelos longos demais. Os fios longos batem nas minhas costas que estão nuas como se dissesse que estava presente. Que precisava de um corte. Cada fio que descia de minha cabeça chacoalhava com a brisa.

Minha blusa completamente exposta nas costas, a calça jeans justa, mas com dois rasgos no joelho, e a mochila velha de pano que eu levava pra qualquer lugar. Era amelhro que bolsas, cabia muito mais coisas.

Avistei nossa casa e meu semblante já havia mudado. Ele estava em casa. Eu sabia.

Assim que passei pela soleira da porta, ajeitei a mochila nas costas. Tentei ser o mais silenciosa possível, mas ele estava com alguém.

Não era um homem velho, pelo contrário, era novo. Devia ser poucos anos mais velho que eu. Alto, bem alto. Loiro como se os cabelos fossem queimados pelo sol e clareassem a sala de estar minúscula demais pra ele. Seus olhos eram pretos como a noite mais escura e a pele brilhava como se ele tivesse passado a vida se banhando no Sol.
Ele devia ter mais de vinte, mas ainda sim era muito novo pra viver metido nos negócios do meu pai.

Tentei desviar meu olhar quando seus olhos encontraram os meus. Ele sorriu.
Seu olhar desceu pelo meu corpo e por um momento me senti nua na sua frente. Tentei me esconder de seu olhar, mas ele já descia pelo meu busto, parando na minha cintura que estava com uma pequena faixa exposta, e desviava pelo meu quadril. Ele sorriu de lado, como se fosse rotineiro comer meninas com os olhos.

Um arrepio percorreu minhas costas e então eu saí da sala. Deixando os dois ali. Meu pai, tão entretido nos negócios, nem percebeu minha presença ali. Ele falava coisas aleatórias que eu não absorvia e nem o homem a quem ele dirigia as falas.

Antes de virar a escada, parei.
Olhei dentro dos olhos do estranho e sorri, como se tivesse tomado o líquido mais amargo e ele escorresse pelos meus lábios.  E devagar, levantei um dedo do meio e mirei na sua direção. Balbuciei um babaca bem audível pra ele.

Ele sorriu e eu subi. 

Algum  tempo se passou e eu me enrolei nas minhas questões com Cassian. Ele insistia, eu não podia mais fazer nada. Pro bem dele, era melhor que nós terminassemos. Meu pai não podia sonhar com ele. E ele era bom demais pra toda essa merda que envia minha vida. Ele já estava dizendo e tinha planos sobre viajar. Sobre ir para o exército.
Parte de mim quebrava só de pensar em não tê-lo ao meu lado. Rachava só de imaginar não conversar com ele e ouvir sua risada feia. Ecoava so de pensar no vazio que ele me deixaria.