apologize

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Cinco anos atrás...

- Para, kurame! - minha mãe gritava ao ser espancada pelo marido mais uma vez, isso era rotina para a mesma.

- Por que você faz isso? - meu pai gritava com os olhos vermelhos. - me trair, sério kyoko? - ele dizia dando socos no rosto dela, já era visível que ela não aguentava mais aquilo, seu rosto pedia por socorro. - como eu queria que você morresse, de preferência que levasse sua filha nojenta também. Eu odeio vocês. - Agora ele trocara os socos por chutes no rosto da mais velha.

- Você vai queimar no.... - ela foi silenciada com mais um dos seus dentes sendo quebrado com os chutes.

- - - -

Eu era da família Saiko, uma tradicional família japonesa.

Meu pai postiço era policial, então para manter as aparências ele sempre dizia a todos que éramos uma família feliz, mas a realidade era totalmente outra.

Quando ele chegava do trabalho, sem falta espancava eu e minha mãe, parece que ele nunca a perdoou por uma coisa que fez anos atrás. Aparentemente ela o traiu e eu sou o resultado da traição, por isso ele desconta toda sua frustração dessa forma.

Na época, eu não entendia o motivo de não se separarem, mas óbvio que era por status. Ele era bem famoso na cidade, um divórcio por causa de traição provavelmente ia causar uma confusão danada.

Desde meus quatro anos de idade, esperar a hora do jantar para apanhar se tornou rotina.

Eu cresci assim, as vezes até implorava para que meu pai parasse, mas ele não tinha pena nem mesmo de uma criança que não tem culpa de nada.

Minha mãe também nunca gostou de mim, ela sempre me dizia que se eu não tivesse nascido ele nunca iria saber da traição e que eu era a culpada por tudo.

Nunca entendi o motivo de uma criança pagar pelos erros de um adulto, mas eu achava que era o certo.

Achava que quanto mais apanhasse, mais perto estaria da redenção.

Pode parecer difícil ser feliz nessas condições, mas eu até que conseguia me sentir assim algumas vezes. Assistir filmes sempre me ajudou nessa parte, fazer isso me deixava alegre de alguma forma, muitas vezes eu sonhava em ter a vida dos personagens de séries, ou até mesmo viver uma aventura incrível e me casar com o cara de um clássico romance norte americano.

Mas parecia tão distante da minha realidade.

Eu sempre fui quieta, curtia ficar no meu quarto lendo livros, vendo filmes de terror clássico ou até mesmo desenhando, de qualquer forma, essas eram as únicas coisas que eu podia fazer.

Os livros que eu lia sempre retratavam as coisas ruins dos seres humanos, então meio que acabei me acostumando com isso. Infelizmente nem tudo que tem nos livros é mentira, esse mundo realmente está acabado, as pessoas só propagam o ódio, só sabem olhar ao próximo em forma de julgamento.

Na época eu tinha treze anos, e sem dúvidas a manhã era a melhor parte do dia. Eu ia para escola de manhã, então era o único momento que tinha paz e conforto. Mesmo que a escola não represente isso a muitas pessoas, mesmo ficando sozinha, mesmo sendo a estranha da sala, aquele era o lugar que eu mais amava.

Me sentia segura de verdade.

Depois da escola eu andava lentamente esperando nunca chegar em casa, porquê a mesma coisa ia acontecer, o ciclo infernal sempre se repetia. A cada passo que dava parecia estar mais perto do inferno, eu odiava de todas as maneiras aquela vida.

𝐀 𝐃𝐑𝐄𝐀𝐌, baji keisukeOnde histórias criam vida. Descubra agora