O Príncipe

- capítulo 10

X.

A Frigga entende eventualmente, é claro.

Loki ficou mais uma vez extasiado com a narrativa de Harry da ascensão e queda do Império Romano (sua criação - de Rômulo e Remo à queda do Império Bizantino - seus defeitos, seus pontos fortes, suas estratégias, sua gestão, seus imperadores - ambos bons e ruim), e ele era tarde demais para dispensar Harry quando o portal ao lado de sua cama brilhou em um azul brilhante.

A ilusão imaculada de Frigga apareceu mais uma vez, e Loki franze a testa com raiva, seu fascínio se dissipou como a névoa em um dia quente de verão.

"Vossa Alteza", Harry se curvou. Ele permanece sentado de onde está. Loki sente uma forte sensação de traição e ciúme - Harry é dele . Impotente como é, ele não deixará ninguém arrancar sua única fonte de entretenimento (ou melhor, é o que ele diz a si mesmo).

Em uma inspeção mais próxima, Loki estreita seus próprios olhos viridianos. A reverência de Harry foi muito mais superficial - embora ainda dentro da faixa aceitável do protocolo - e ele não se ajoelhou. Até sua voz era o zumbido robótico de guardas em todos os lugares. Faltou o calor que ele ouviu às vezes.

Que curioso, Loki pensou, que ele mostrasse mais deferência a um príncipe deposto do que a atual rainha.

"Loki, meu filho," Frigga chorou, alegria em sua voz. "Meu filho, meu filho querido, você está bem?" A preocupação coloriu seu tom. Sem dúvida, ela ainda se lembrava da maneira como saiu da cela dele da última vez.

Assim como alguém poderia estar em um estado como este, uma parte dele zomba - quase assobia.

"Tão bem quanto pode ser esperado nesta gaiola dourada, colocado aqui para ser um artefato em exibição pela eternidade" Loki franze a testa. A mágoa aparece no olhar de Frigga. Ele sabia - cada vez que sua mãe o visitava, ele ficava mais amargo e zangado. Ele tem um grande prazer em causar dor àqueles que merecem . Ela ajudou a esconder o segredo , sussurra a voz em sua mente. Ela é tão ruim quanto Odin.

Ainda assim, ela nunca parava de visitar, uma pequena parte dele (a voz pairando acima de sua orelha esquerda) sussurra.

Não, não é como o pai e o irmão que não se incomodam com isso, a parte anterior morde. Está enfurecido - e magoado - Loki pensa, atordoado.

Ninguém se daria ao trabalho de visitar um nanico sem valor, uma draga adotada e desprezada dos nove reinos, uma voz insidiosa reivindica seus direitos. Ninguém deveria. Você não merece o tempo deles. Você não merece o amor deles.

Sem valor, sem valor, as vozes cantam zombeteiramente. Apenas o sobressalente, nunca o herdeiro. Nunca foi feito para ser.

Harry diz algo, à sua direita. Sua voz e presença física o arrancam de seu devaneio, e ele percebe que sua mãe deve ter feito uma pergunta a Harry. O guarda acena, disfarçadamente dando uma rápida olhada em Loki.

Loki apenas levanta uma sobrancelha em troca, tentando empurrar seus pensamentos de volta para os recônditos de sua mente. Ele tenta esconder o fato de que está caindo aos pedaços. Suas mãos estão tremendo, mas ele ainda as deseja. Ele se considera bem-sucedido no engano, mas a julgar pela maneira como os olhos de seu guarda pousaram em suas mãos, ele é menos bem-sucedido do que pensa.

"Agradeço a você, Harry Jameson, por cuidar de Loki," Frigga diz solenemente. "Por favor, cuide dele, porque eu não consigo."

"Eu farei isso da melhor maneira possível," Harry prometeu, sua voz monótona, mas suas palavras soam verdadeiras.

No fundo, ele começa a se agarrar às palavras de Harry desesperadamente, esperando contra a esperança de que sejam verdadeiras.

Frigga examina a sala não destruída, a cadeira extra, os copos e talheres em pares de dois. Ele percebe tudo isso e sorri com conhecimento de causa para Loki. As rugas de preocupação em sua testa diminuem ligeiramente, embora ela ainda se preocupe.

Loki franze a testa para ela, para sempre o psicopata impenitente. O resto da reunião passa em um borrão, e Harry fica por um tempo depois. Loki apenas ouve a promessa de Harry soando em seus ouvidos.