O Príncipe

- capítulo 20

XX

No dia seguinte, Loki é escoltado para fora acorrentado. Os guardas foram embora, provavelmente para alimentar o café da manhã dos outros prisioneiros. Harry sabia e escolheu poupar Loki de comentários maliciosos, e por isso Loki sente um pequeno toque de gratidão.

Enquanto caminham, as correntes do príncipe retinem nos ladrilhos de pedra fria. Harry compra um par de sapatos para ele sem ser solicitado, e Loki os aceita graciosamente sem uma palavra de agradecimento; ele os aceita com um floreio de arrogância, como se sempre tivessem sido dele. Harry acenou com a cabeça, como se não esperasse menos do príncipe. Loki sente um pressentimento com o brilho de travessura nos olhos de seu guarda e se pergunta o que seu guarda fará a seguir.

Felizmente (ou não), ele não precisa esperar muito.

De repente, Harry o pega pelo ombro e o puxa para a esquerda. Em sua surpresa, Loki quase pergunta o que o homem está fazendo quando de repente é empurrado com força contra um pilar de pedra - e passa por ele.

"O que...?" ele murmura. Sua voz está estranhamente desencarnada de dentro da estrutura sólida. Suas algemas não estão presentes, mas seus membros ainda estão congelados (talvez congelados com a pedra no pilar). No entanto, ele ainda podia respirar - ele não se sentia diferente do que estava um momento atrás. Não há peso esmagador em seu peito, como ele esperava do pilar de pedra. O lado travesso dele se maravilha com a magia - obviamente, não de Asgard . Oh, as coisas que ele poderia fazer se pudesse colocar as mãos naquele feitiço ...

"Meu Príncipe, certamente você não pensa tão mal de mim a ponto de permitir que um chicote toque suas costas", o capitão da guarda real diz secamente, uma mão em cada quadril, convenientemente esquecendo (ou não se importando) que desobedecer ao mandato de Odin conta como traição. Ele convoca para as mãos um pedaço de pau polido, para grande confusão de Loki. Ele sente um poder profundo e ressonante dentro dele, mais antigo do que qualquer coisa que ele já sentiu. Mais velho ainda do que Gungnir, quase.

Então, com um aceno para a esquerda e um soco para a direita, uma bolha amorfa bege cai do teto (Loki já andou por esses corredores um milhão de vezes e tem certeza de que nada do tipo existiu lá) e começa a se mover diante de seus olhos. Ele se molda como argila úmida, seguindo as palavras murmuradas de Harry como uma orquestra para um maestro, antes de finalmente se estabelecer em uma forma.

Mais precisamente, ele se estabeleceu na forma de Loki. Era um doppelganger completo - abrangente em todos os sentidos, até a última cutícula ensanguentada e o hematoma em cicatrização na bochecha. Isso espanta Loki infinitamente - um clone de carne e não uma ilusão. Foi assustador, realmente, olhar nos olhos verdes de seu clone. Era como se o homem trouxesse a imagem espelhada do príncipe à vida - o extraísse dos confins prateados de seu reflexo e lhe desse vida.

A magia de Harry é rigidamente controlada (a magia de um bom mago sempre é), mas Loki capta o menor indício de raiva fervente que espreita por trás daquela fachada calma e controlada. Será que seu guarda ainda guarda rancor por seu (suposto) soberano?

Uma vez formado, ele cai do ar como uma marionete com as cordas cortadas (não é uma representação imprecisa, Loki pensa amargamente), mas Harry o pega (como ele prometeu, Loki pensa). Ele balança o pedaço de pau um pouco mais, e o corpo levita e se move. O colorido se instala e a boneca pisca de volta. Ele respira e caminha. Os olhos, porém, estão mortos - desprovidos de alma. Loki ainda está boquiaberto com a exibição flagrante de antigos feitiços mágicos como esses que se pensava estarem perdidos há muito tempo. O feitiço para criar vida ... Era simplesmente desconhecido, mesmo para os Aesir.

"Por favor, espere aqui por alguns momentos, meu príncipe", Harry sorriu levemente, a risada em seus olhos trazendo o mais leve toque de avelã para o verde brilhante.

Seu guarda é um brincalhão, Loki pensa confuso. Um mestre nisso também, para enganar Odin de todas as pessoas.