2_ O Diadema de estrelas

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Em meio a um leve flutuar durante o sono, uma explosão me desperta. Ergo meu corpo rapidamente, enxergando os detalhes da clareira todos de uma só vez, enquanto meus ouvidos captam o som de gritos vindos de longe.

Está vindo da direção dos muros.

Os lobos ao redor de mim começam a latir na direção a qual eu pensei ter ouvido a explosão e os gritos. Me coloco de pé e olho para o céu a procura de fumaça. Encontro. Havia mais de uma orla de fumaça subindo aos céus vinda das casas dos habitantes de Kimalah.

Um ataque.

Sem perder mais tempo pensando, eu corro. Atravesso toda a clareira às pressas, cortando a Tundra no caminho mais reto que conheço até às proximidades dos muros. Os lobos correm ao meu lado, alguns a minha frente, me seguindo como se tivessem certeza de que eu poderia precisar de sua ajuda. Enquanto pulo a maioria das pedras e quebro diversos galhos na minha pressa, alguma coisa rasga um pedaço do meu vestido azul. Eu deveria ter me trocado antes de ir para fora do palácio adormecer, mas gostei tanto dele, que o mantive. Vestidos longos não eram as melhores vestes para se esgueirar às pressas por uma vegetação como aquela, mas eu não tinha escolha. Kimalah estava sendo atacada, não era mais a hora de dormir.

O sol brilha acima da minha cabeça quando finalmente eu saio detrás de algumas arvores pequenas e adentro o campo de ataque. Sinto pelos raios solares que queimam minha pele que não era manhã, era tarde. Estávamos no meio do dia. Percebo os guerreiros correndo na direção dos muros e nesse instante visualizo os invasores lutando, armados com espadas e escudos.

Então não é Mahle.

Os gritos mais uma vez chamam minha atenção e quando me volto para a direção de uma das casas vejo soldados estrangeiros ameaçando uma mulher de cabelos negros de meia idade, e uma criança, provavelmente seu filho pequeno que estava chorando.

-Aonde está? _ um dos soldados grita, puxando o cabelo da mulher. Nem ela e nem o menino respondem, apenas murmuram uma prece baixa. Aproximo meu corpo deles, mascarando a raiva que sinto dos inimigos com uma expressão de indiferença. Levanto minhas mãos um instante e os soldados rolam, cada um para um lado com a força do meu golpe, caindo ao longe, gritando.

-Vocês estão bem? _ pergunto, quando alcanço as vítimas.

-Imperatriz_ ela se põe de joelho rapidamente. O menino apenas me encara.

-Não percam tempo, entrem, se escondam_ eu instruo. Eles me obedecem e rapidamente fecham as portas de sua pequena casa que com um estalar parece lacrada. Olho em volta e percebo que eles não eram os únicos naquela exata situação. Os soldados estrangeiros estavam invadindo todas as casas, agredindo os moradores que resistiam, jogando seus pertences para fora. Não poderia alcançar todos ao mesmo tempo, precisava concentrar meu poder para acertar um de cada vez.

-Ada_ eu chamo a líder da minha matilha. Ela caminha na minha direção e late, me encarando com seus olhos azuis profundos_ ataque_ indico com a minha mão direita dois soldados inimigos a frente. Os lobos avançam todos sobre eles enquanto eu corro na direção da casa usando meu poder para atingir os agressores. Faço as pedras mais próximas saírem do chão e voarem acertando os meus inimigos nocauteado dois deles de primeira. Ignoro as reverências que meu povo faz enquanto eu passo e me concentro apenas em derrubar o máximo de inimigos que consigo. Avanço pelos corredores, os lobos atacando atrás de mim, recuperando aos poucos a liberdade que os moradores de Kimalah pareciam ter perdido com a invasão.

-Imperatriz! _ ouço a voz de Athos atrás de mim_ não deve ficar aqui_ ele está com o braço esquerdo salpicado de sangue e coberto de fuligem também. Com certeza estava perto do local que foi o foco das explosões. Uma espada pendia de seu corpo, mas seu escudo não estava mais com ele.

Tocada pelo SolOnde histórias criam vida. Descubra agora