4_ A Assassina de Diamantes

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Não tenho escolha a não ser admitir, às portas do palácio de Tamarã, que o lugar era simplesmente formidável. "Belo" não descreveria com justiça a aparência daquela fortaleza e, enorme, não seria fidedigno a atual conjuntura da construção. Majestosa. Essa era a palavra que chegava mais perto de anunciar o rosto do Palácio Solar. O nome que o emissário usara para descrever para mim quando paramos em frente às enormes portas douradas me deu um pouco de calafrios. Não queria acreditar que eram portas completamente moldadas de ouro, mas pareciam ser. Elas eram contornadas por um portal cobreado que parecia tão brilhante quando a própria estrutura central. Ao redor, estendiam-se paredes cor creme, alastrando-se por nada mais, nada menos do que cinco andares. Eram apenas cinco, mas cada um parecia grandioso, abarrotado de jardins suspensos e janelas belas que quase brilhavam refletindo a luz do sol.

-O príncipe vai recebe-la imediatamente, alteza_ o emissário fala comigo. Ele havia descido do seu camelo e já estava de pé na frente do palácio. Na verdade, no instante que ouço sua voz noto que todos já haviam descido, eu era a única que continuava estática, em cima do meu bisão.

-Que cordial da parte dele_ meu tom afiado soa irônico. O General de Tamarã me encara de soslaio, mas não parece incomodado. Estico o braço para o lado e Arthur se aproxima, me ajudando a descer do bisão. Endireito minha postura quando piso em terra firme. Olho para meus sapatos um instante notando que estavam levemente salpicados de areia ainda.

-Permita-nos levar seus animais para os nossos estábulos_ o emissário tenta ser educado comigo outra vez. Encaro ele com a mesma expressão de indiferença.

-Meus lobos também_ eu complemento e me abaixo esticando a mão esquerda, acariciando a cabeça de Ada que está mais próxima de mim.

-Ah..._ o emissário gagueja quando Ada ergue a cabeça e mostra os dentes para ele_ não estou certo de que...

-Cuidarei dos lobos _ o general Álaki o corta. Ele encara minha matilha e não detecto medo no seu olhar_ vou leva-los para uma das alas vazias dos estábulos.

Pisco, o encarando por um segundo e logo depois endireito meu corpo outra vez, olhando para frente.

-Quando quiser me anunciar, emissário_ eu falo. O pequeno homem bufa um instante, mas força um sorriso cordial e estica a mão indicando que eu fosse logo ao seu lado. Abro meus primeiros passos para adentrar o palácio e Átemis e Arthur vem logo atrás de mim juntamente com meus guerreiros. Não olho para trás, mas vejo de relance que meus lobos seguiram o general e seu tigre para o lado oposto o qual estávamos indo. Eles não relutaram contra ele.

O interior do Palácio do Sol era tão brilhante quanto seu exterior. Tapeçarias douradas, corredores revestidos com tapetes vermelhos brilhantes, cortinas bordadas com estampas. Todos esses detalhes saltaram aos meus olhos acinzentados no momento em que caminhei pelo corredor principal. As pessoas que estavam dentro no Palácio estavam vestidas com roupas elegantes, mas de pouco tecido. Imaginei que por causa do clima quente, seria comum vestidos cavados, camisas sem mangas e saias com fendas enormes. Os colares, pulseiras, braceletes e anéis, eram diversos. Tanto nos homens quanto nas mulheres. Não avistei crianças a princípio e nem animais. Apenas uma grande quantidade de soldados em todos os corredores trajando armaduras, espadas e escudos a postos.

Com menos de dois minutos de caminhada, logo chegamos a entrada da sala do trono. Ao contrário da sala aonde ficava o meu trono em Kimalah, aquele cômodo tinha portas. Elas não pareciam de ouro como as da entrada do palácio mas pareciam de ferro puro, reforçadas, confinadoras eu diria. Elas se abriram com leveza e silencio, no entanto, assim que os soldados viram a proximidade do emissário. Eu parei na entrada, imaginando que mesmo que ele passasse rapidamente, adentrando a sala, eu deveria ser devidamente anunciada.

Tocada pelo SolOnde histórias criam vida. Descubra agora