SIMÓN
Novembro/2021
Minha cabeça está longe essa manhã e justo hoje que estou no estúdio para gravar o feat com Druise.
Eu a conheço há alguns anos e ela me chamou para essa música, não sou cantor, mas ela disse que já tinha me ouvir e que a música tinha uma pegada latina, por isso segundo Druise tinha que ser comigo.
— Acho que podemos mudar um pouco aqui. — Ela aponta um verso. — Não está rolando.
Olho para a tela do tablet na mão dela lendo o verso e o repassando em minha mente. Não funciona mesmo.
— Só precisa de uma palavra para substituir. — Opino e tiro meu celular do bolso. — Podem me dar dois minutos?
— Ok, vamos pensando aqui e quando voltar a gente repassa e ensaia.
Ela sorri, tipo um sorriso de compreensão, como se tivesse percebido que não estou totalmente aqui hoje.
Me afasto saindo do estúdio e indo para os fundos, do lado de fora. Uma vez que estou sozinho abro o Instagram no perfil de Gabrielle, mas não tem nenhum story ou foto no feed.
Talvez ela fique off hoje.
É dia 6 de novembro, está completando dois anos da morte da mãe dela.
Faz quase dois meses que não nos falamos, nós nos tornamos estranhos. Eu tentei explicar a ela aquele dia, mas ela nunca escutou o áudio ou escreveu uma mensagem. Então achei que era melhor só deixar quieto.
Vi Travis duas vezes desde que voltei, uma vez Jana, e nenhum deles me perguntou nada também.
Resumindo, não sobrou nada do que Gabrielle e eu tivemos. Entretanto, me lembro de como ela ficou do meu lado na data da morte do meu pai, e eu queria estar ao lado dela.
Estou um pouco nervoso quando meus dedos se movem novamente pela tela e procura pelo nome dela nos contatos.
Vou escrever, mesmo que eu saiba que não deveria.
Oi, espero que esteja bem. O dia de hoje deve ser difícil, mas tente focar nas coisas boas, boas lembranças com sua mãe, coisas que passaram juntas, mesmo que tenham sido poucas.
E também se distraia, faça coisas que gosta. Principalmente, fique ao lado de pessoas que te querem bem.
Ainda vai doer, mas não precisa doer tanto.Eu releio e demoro alguns segundos me questionando se devo enviar. Envio e não ligo se ela não responder, só espero que leia.
Depois que guardo o celular eu trago um cigarro, bem devagar, levando meu tempo para tentar colocar a minha cabeça de volta ao estúdio e gravar a música com Druise.
É uma longa manhã e metade da tarde até que conseguimos encaixar a música da maneira que ela idealizou.
— Vai gravar o clipe comigo, não é? Já tenho o diretor e estão fazendo um roteiro. — Dru encosta a cabeça no meu ombro após o fim enquanto conversamos no sofá.
Ela é alguém que conheço há uns oito anos, não somos grandes amigos, mas temos essa proximidade genuína quando nos encontramos.
— O que vou ter que fazer no clipe?
— Sei lá, talvez só ser bonito e tirar a camisa. — Ela brinca.
— Idiota. — A empurro do meu ombro devagar.
É bom relaxar um pouco, mas quando saio do estúdio pego o celular de novo para ver que Gabrielle visualizou a mensagem, mas não respondeu.
Pelo menos não estou bloqueado, não que faça alguma diferença.
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Sob tantos olhares (Metrópoles #2)
RomanceGabrielle Cross estudou incansavelmente por anos para ser uma ótima artista. Foram anos dançando em musicais da Broadway como figurante até começar a ganhar papéis de destaque dançando e cantando. Quando finalmente conseguiu sua primeira protagonist...