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SIMÓN

No momento que vi Rooney com essa mulher do lado de fora da porta na semana passada eu sabia que algo estava errado.

Eu sei lá que tipo de relação existe entre eles, mas sei que é por isso que ela está aqui, não por talento.

— Acredito que a entonação precisa ser mais agitada. Davina é esse tipo de personagem, muito elétrica. — Cooper, nosso diretor, diz a Gabrielle.

Ela sorri meio constrangida, é a terceira vez que está lendo a mesma frase. Eu também estaria constrangido no lugar dela.

— Desculpe, estou meio ansiosa. — Ela dá um pequeno suspiro e se concentra. — O que Pete? Você não pode me largar hoje, é uma noite importante para a companhia.

Dessa vez a frase sai um pouco melhor, mas está longe de ser razoável. Pelo menos ela não é a protagonista.

— Vou tentar estar lá, mas não prometo. — Leio meu texto. — Você nem precisa de mim lá.

— Sério? Só esteja de volta, mas não corra na estrada. Está chovendo e a rodovia não é uma pista de fórmula um.

Olha que sorte, finalmente ela acertou uma fala de primeira.

Ouço Anne rir baixo ao meu lado, não é a primeira vez. Cada vez que Gabrielle lê isso acontece, e fico na dúvida qual das coisas me irrita mais, os risos de uma ou a falta de talento de outra.

Para o meu total azar uma é a minha co-protagonista e outra vai ser a minha melhor amiga na série.

É uma história sobre arte, sobre cinco pessoas que amam a arte de maneiras diferentes, algumas estão muito famosas por sua arte, outras só querem fazer uma pequena diferença. Mas suas vidas se cruzam e é a partir daí que a história se desenrola.

A leitura do primeiro episódio demora mais do que qualquer outra leitura que já estive.

— Vocês vão receber a agenda de vocês para a próxima semana. Certo? — Rooney nos diz. — A partir do meio da próxima semana temos provas de figurino, de iluminação, estejam instalados em Vancouver antes disso porque não vamos aceitar ninguém faltando ou se atrasando para resolver mudança.

— Ok, senhor, chego no fim de semana. — É Jana quem diz.

Nós nos conhecemos há alguns anos, de um trabalho quando éramos só adolescentes. Ela é ótima atriz, eu gostaria que fosse ela a atuar em muitas cenas comigo.

— Ah, meu apartamento tem um quarto sobrando. Se alguém quiser dividir as contas é só falar comigo.

— Gabe? — Rooney a chama.

Ela está guardando suas coisas na bolsa e ergue o olhar para ele que está se aproximando dela tocando seu ombro. Eles parecem íntimos.

— Não disse que ainda não achou um apartamento? — Ele pergunta.

— Não achei, Brayden está tentando fazer algum dos seus mil contatos, mas... — Ela ri e olha na direção de Jana. — Meu irmão acha que sempre pode resolver tudo. Mas enfim, quer mesmo alguém para dividir o apartamento?

— Claro! Eu te ajudo, você me ajuda.

Jana se aproxima de Gabrielle e Rooney e eles engatam uma conversa, tenho essa sensação de que elas serão muito amigas.

— E você? Já tem lugar para ficar?

Anne se senta em uma das mesas ao meu lado. — Acho que devíamos começar a nos aproximar, para conseguirmos entrosar melhor.

Sob tantos olhares (Metrópoles #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora