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SIMÓN

— Próxima pergunta. — A entrevistadora fala. — Na verdade são duas.

Estamos no meio de mais uma entrevista para divulgar a série.  É meio entediante porque a maioria delas sempre tem as mesmas perguntas.

Anne está de um lado meu e Gabrielle de outro.

— Digam que conselhos específicos pediriam a cada colega de elenco baseado no que consideram eles experts. E qual momento mais marcante fora do set durante os meses em Vancouver.

Ok, essa entrevista tem algumas perguntas legais de responder.

Anne é a primeira a responder, ela sempre toma a frente, o que não incomoda em nada nenhum de nós.

Todos parecem achar coisas boas um nos outros sobre as quais pediriam conselhos. Sobre os melhores momentos Anne cita uma das festas dos seus amigos em que estávamos só nos dois. Jana cita a noite de karaokê. Travis conta sobre o show do Dave Howard quando encerramos a filmagem.

— Eu com certeza pediria para Travis me indicar as melhores baladas para ir. — Gabrielle fala na vez dela, é a penúltima a falar. Seu olhar percorre entre nós para ver quem é o próximo que ela vai falar. — Para Anne eu pediria conselhos sobre como lidar com a fama e a mídia. Para minha Jana...

As duas se abraçam de lado antes dela continuar. — Jana me aconselharia a stalkear o cara que eu sou a fim.

— E Simón? — Ela é pressionada pela entrevistadora.

Olho para ela interessado no que vai dizer.

Nós não ficamos muito bem ontem a noite e eu queria ficar bem com ela. Eu ainda acho que temos que conversar, inclusive sobre a situação em Nova York, perguntar sobre Charlie, mas não no meio dessa correria.

Merecemos mais do que isso.

Mas ela pareceu querer atropelar tudo ontem e quando eu não dei respostas isso a chateou. Então eu ia falar, mas Janeth passou e ela não quer que Anne e eu contemos sobre terem nos pedido para aparecer mais juntos. Inclusive ela nos chamou esta manhã para nos orientar individualmente sobre a entrevista.

— Eu pediria conselhos a ele sobre quase tudo, não porque ele saiba tudo, mas porque ele é muito direto. As vezes isso pode soar grosseiro, mas é honesto. — Gabrielle diz e eu me viro um pouco para a olhar. — Pelo menos, as vezes ele é.

— Obrigado, eu acho. — Entendi o "as vezes". Sorrio para ela. — Pode me pedir conselhos sempre.

— E quanto ao melhor momento?

Antes mesmo que ela diga, pela forma como ela olha para mim eu sei qual momento foi. É o meu melhor momento também, só não podia dizer isso na entrevista.

A mão dela passa pela corrente em seu pescoço, com o pingente de nota musical.

— Não foi bem em Vancouver, mas eu estava com um bloqueio para cantar desde a morte da minha mãe e então um dia um colega de elenco me levou para Seattle. Saímos do Canadá para os Estados Unidos. — Ela para um pouco nesse ponto abrindo um sorriso. Olho para ela, mas ela não me olha de volta. — Nós visitamos a cidade, e a noite fomos a um pequeno teatro. E essa pessoa me disse coisas que eu precisava ouvir, me pressionou, e conseguiu tocar no ponto certo para eu vencer aquele bloqueio. Foi emocionante, eu nunca vou me esquecer daquela noite, porque naquela noite eu entendi muita coisa.

Eu também Gabrielle. Entendi que sou apaixonado por você.

— Pode dizer quem foi o colega?

Espero que ela não fale. Gabrielle está dando uma entrevista totalmente honesta, e isso é ótimo, mas eu gostaria que ela se guardasse um pouco pelo próprio bem dela. Movo o rosto a encarando tentando pedir com os olhos para ela não dizer.

Sob tantos olhares (Metrópoles #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora