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Harry

O meu capuz está a cobrir o gorro que tenho na cabeça quando desço a rua, são quase 2 da manhã e estou apenas a vaguear pelas ruas de Londres. Não há muitas pessoas fora, não que eu esperasse que fosse porque é uma segunda-feira à noite. 
As folhas estão a dançar à volta dos meus pés juntamente com o vento frio do Outono, o tempo mudou realmente para mais frio nestes últimos dois dias. Agora parece mesmo que o verão acabou e não haverá mais mudanças para o clima mais quente este ano. 
Vejo como algumas folhas coloridas estão a escorrer das árvores e no seu caminho até ao chão estão a mover-se como dançarinas. Fazem-me lembrar o ballet a que eu costumava ir com a minha mãe quando era mais novo, a forma como se moviam sincronizadas com o vento... tal como os bailarinos se moviam no palco em perfeitos movimentos ao som da música. 

Por vezes sinto falta desses dias em que tudo era fácil e nada me preocupava, quando podia andar onde quisesse sem ter de me preocupar com quem me vê ou não. Quando podia conhecer pessoas e realmente conhecê-las melhor antes de ter de as apresentar à minha mãe e irmã... agora nem sequer posso dizer olá a alguém sem que todo mundo saiba disso. 
Respiro fundo o ar do Outono, de alguma forma o ar parece cheirar sempre muito melhor no Outono, a forma como cheira a folhas e chuva.

Gosto da calma que traz ao meu corpo quando fecho os olhos... por isso lá estou eu no meio do coração de Londres e fecho os olhos enquanto ergo a minha cabeça para o céu... apenas para abrir os olhos e ver as estrelas.

Não é que eu não tenha visto as estrelas antes, é que muitas vezes o ar aqui não é suficientemente claro para poder realmente ver sobre a nuvem de fumos tóxicos dos carros.

Um vento frio agarra os meus cachos que estão a sair debaixo do meu gorrro e assim eles dançam juntamente com ele.
Um pequeno sorriso é visivel no meu rosto por causa de como me sinto livre. Quero sentir-me assim o tempo todo... Sinto-me assim o tempo todo quando estou com o Louis. 

Nunca o admitiria em voz alta, eu mal o admito para mim mesmo dentro da minha cabeça... mas é a verdade, não importa o que eu possa dizer a mim mesmo. 
Não sei se é o meu estado de espirito cansado ou o repentino sentimento de liberdade, mas vou contra tudo aquilo em que acredito e pego no meu telefone para ligar ao Louis.

"Harry?" - Ele não soa como se o tivesse acordado, o que me deixa feliz porque se o tivesse feito sentiria-me mal.

"Onde é que estás agora mesmo?" - Eu pergunto, uau, sem um olá? O que se passa comigo a ser tão direto? 

"No meu apartamento." - Diz ele como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, quase que me sinto inseguro em ligar-lhe até que ele dá uma pequena gargalhada.

"Onde estás amor?" - Ele continua e quase consigo ouvir através do telefone que ele está a sorrir... Amor... ele chamou me amor.

"Esquece, encontrei-te no mapa do snapchat porque tu és o pior a explicar." - Ele diz quando tento dizer-lhe a minha localização sem realmente saber exatamente onde estou.

"Estou a 5 minutos de distância de metro, fica onde estás, encontramos-nos ai."- Diz ele e um sorriso cresce no meu rosto. Sei que tudo dentro de mim está a gritar que ele me deve uma por não me ter telefonado... aquele telefonema que ele escolheu não fazer. Sento-me num banco e olho apenas para os poucos táxis que se movem pelas ruas. 

"Olá" - de repente ouço por trás de mim e sorrio quando viro a cabeça para ver o Louis com um par de calças de falto de treino e uma sweat. 

"Pareces confortável." - digo e desvio-me no banco para que ele se possa sentar ao meu lado.

"São quase 2 da manhã, por muito que eu te queira impressionar, isto é tudo o que o meu corpo quer usar desta vez." - Ele diz e senta-se ao meu lado, está tão perto que consigo ouvir a sua respiração pesada. Pergunto-me se ele correu até aqui desde o metro porque o mais perto é a pelo menos 5 minutos daqui a pé. 

"Então queres impressionar-me." - digo eu e empurro um pouco o meu ombro contra ele de uma maneira brincalhona. 

"Claro que quero." - Ele diz e não tenho a certeza se a cor rosa nas suas bochechas é por causa do frio ou se ele está mesmo a corar. 

Não dizemos muito, apenas nos sentamos ali em silêncio a olhar para a noite escura que é iluminada pelas luzes da rua.

"Não telefonaste." - Eu digo e quase sinto o caroço na minha garganta quando o digo, não quero admitir o efeito que realmente tem em mim que ele não o tenha feito.

"Não, eu não liguei..." - Ele diz e soa culpado, ele não olha para mim... os seus olhos estão a olhar para a noite enquanto as folhas flotuam por aí.

"Porque não o fizeste?" - Tenho medo da resposta... Tenho medo porque mesmo que queira dizer que não me interessa o que ele pensa que faz... Não quero me sentir assim ligado a alguém que nem sequer conheço assim tão bem.

"Porque... fiquei assustado..." - Ele respira fundo antes de continuar.

"Não estou habituado a ser seguido para onde quer que vá, não sei como lidar com perguntas que não sejam sobre mim ou sobre o snowboarding.... desafiadoramente não sei como lidar com perguntas sobre nós quando eu próprio nem sequer sei a resposta." - Ele diz e move as mãos sobre a cara.

"Sinto muito."

"Não é culpa tua que o mundo esteja fodido. Tu mesmo o disseste, o teu trabalho nunca pára.... Não tenho a certeza de que me adapte a esse mundo." - Ele diz e levanta-se do banco.

Por uma fração de segundo tenho medo que ele se vá embora, mas depois estende a mão para mim.

"Caminhas comigo?"

Anjos da Neve [Larry Stylinson]Onde histórias criam vida. Descubra agora