Anjos da Neve [Larry Stylinson]

19

Harry

Nunca fomos ao cinema... ou fomos, mas nunca entrámos. Ficámos sentados lá fora durante cinco minutos a olhar para a cena aborrecida à nossa frente antes de decidirmos que este lugar não era o que queríamos, não era o mesmo que Louis se lembrava dele.

Mudaram e tocaram um filme novo e havia pelo menos cinquenta pessoas lá fora à espera que começasse... por isso ficámos ali sentados em silêncio, deixando a música da rádio tocar como banda sonora... e depois decidimos apenas conduzir.Por isso, aqui estamos a meio caminho de lado nenhum, apenas a conduzir para a noite.

Louis tomou conta do meu telefone e reivindicou-se como DJ para esta viagem. Provavelmente teria sido tudo romântico e coisas assim, não foi pelo facto de ele estar a tocar canções pouco sérias metade do tempo apenas a rir-se à gargalhada. É giro e tudo menos desafiadoramente não romântico.

"Esta noite, pode-se realmente ver as estrelas." Ele diz com um daqueles sorrisos infantis que por vezes recebe quando não pensa muito. É como se ele pudesse finalmente relaxar quando estamos sozinhos, longe de todo o barulho da cidade.Ele abre o telefone e quando a música começa a tocar sinto o meu coração saltar uma batida no peito, este não é realmente o tipo de música que Louis normalmente também ouve... Eu sei porque posso ter perseguido a sua playlist do Spotify...

Este é o meu tipo de música, o tipo que me faz sentir como se o verdadeiro amor fosse real.

I am not the only traveler

Who has not repaid his debt

Olhar para Louis com a cabeça encostada à janela a olhar para fora é calmante, quero parar de conduzir e inclinar-me e deixar um beijo nos seus lábios cor-de-rosa pouco separados... mas não o faço. Basta-me mover os olhos de volta para a estrada onde a única coisa que vejo é o que os meus faróis me permitem ver.

"Eu tinha todos e depois a maioria de vós, alguns e agora nenhum de vós, levam-me de volta à noite em que nos conhecemos." A forma como ele canta silenciosamente com as palavras da canção diz-me que não é a primeira vez que ele ouve esta canção. Ele parece tão frágil ali no banco do passageiro, o seu saltador de borgonha ligeiramente sobredimensionado, por isso segura-os sobre as suas mãos.

Ele parece tão confortável e pequeno.

Tudo nele é irreal, a forma como parece ser feito de vidro, mas de alguma forma consegue matá-lo nos saltos no snowboard. Ele desafiadoramente não é a mesma pessoa aqui como na encosta, ele é mais frágil do que deixa ver.

Depois de a canção terminar e a próxima chegar, posso ver como os olhos de Louis se iluminam, não sabia que ele gostava desta canção.

"Adoro esta canção, lembra-me de quando andava com o Josh em Los Angeles há alguns anos atrás e ele literalmente acelerou pela auto-estrada no seu táxi à noite com o vento a agarrar-me o cabelo" diz-me Louis e sorri ainda mais para a memória que provavelmente está a tocar dentro da sua cabeça.

Eu abro a janela do seu lado do carro.

"I don't have a cab but you're welcome to hang your head out of the window like a dog." Digo e rio um pouco quando ele o faz e ponho a língua de fora, como um cão."I WANNA GRAB BOTH YOUR SHOULDERS AND SHAKE BABY SNAP OUT OF IT!" Ambos cantamos ao mesmo tempo... ou não sei se se pode chamar-lhe cantar porque é mais gritar para ser honesto. Sinto-me feliz, não há outra sensação dentro de mim neste momento que a pura felicidade... Louis faz-me sentir como se tudo o resto não fosse importante, quero ficar assim para sempre neste carro a conduzir na estrada com a janela de Louis rolada para baixo deixando o ar frio criar arrepios nos meus braços.

Não me sinto como Harry Styles a grande estrela quando estou com Louis... Sinto-me como qualquer outro rapaz quando estou perto dele. Ele faz-me sentir que há mais em mim do que aquilo que os midia dizem a toda a gente...

"Para aqui!" Louis de repente diz e aponta para uma pequena estrada que sai da grande estrada.

"Porquê?" Eu digo, mas ainda faço o que ele me diz.

"Porque quero ver as estrelas contigo."

Sigo-o e observo-o quando ele põe o seu casaco de jeans na relva ao lado da estrada e deita-se no chão frio.

"Vem cá." Deito-me ao seu lado e sinto como a minha cabeça está a tocar na dele.

"Não sei nada sobre estrelas." Admito a ele, quem me dera saber, porque há algo de tão fascinante nelas. Honestamente, a beleza que elas proporcionam é insubstituível.

"Bem, então isso faz de nós dois." Ele diz calmamente com um pequeno riso, o frio cria fumo a sair da sua boca quando o diz.

Ficamos ali deitados a ouvir a música ainda a tocar do carro.

"Eu adoro esta canção."

Sexo... claro que ele adora, quero rir-me da minha mente mas não o faço porque a forma como nos rodeia faz-me sentir como se fôssemos as únicas pessoas na Terra. Faz-me sentir como se todo o meu corpo se sentisse atraído por ele.Ele enfia a sua mão na minha e brinca um pouco com os meus dedos, a forma como os seus pequenos dedos se movem faz-me querer inclinar-me e beijá-lo. Não o faço.

Fico ali deitado concentrado na forma como ele me segura a mão para cima para que eu possa ver quando as nossas mãos caem para se colocar umas com as outras. Encaixe perfeito.

A canção não é romântica por dizer, mas a sensação que me dá com o tipo de vibração acústica lenta é desafiadora.

"Estás lindo." Ele diz subitamente e quando viro a minha cabeça para o lado e olho para ele sou sugado para os seus olhos azuis, a noite fá-los parecer negros como tudo o resto, mas de alguma forma têm mais profundidade para eles do que a galáxia.As coisas que este rapaz me faz.