Anjos da Neve [Larry Stylinson]

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A música vem fluindo dos altifalantes e tudo o que consigo pensar é que a fizemos. De facto, criámos isto.

De alguma forma, cada vez que terminamos uma canção, parece uma sensação tão inacreditável, como se não se pudesse realmente acreditar que se criou de facto esta peça de música.

"Isto é espantoso". Sorrio para o homem que está a poucos metros de mim, não me lembro do seu nome, mas sei que a minha editora me disse que ele era importante para impressionar, acho que consegui considerar as suas palavras.

Continuamos a ouvir através do álbum agora terminado e quando estamos na última canção sei que isto vai ser fantástico, isto sou eu a derramar a minha alma. Quero escrever este tipo de música para o resto da minha vida. O tipo de música que nos faz sentir.

"Foi ótimo conhecer-te Harry, estou ansioso por trabalhar contigo no futuro". O homem diz e apertamos as mãos, de alguma forma sinto-me orgulhoso por este estranho completo gostar do meu trabalho... este estranho que é importante.

"Vamos buscar-te algo para comeres antes de irmos para Globen, onde vais actuar no ídolo". Eu sigo as pessoas à minha volta para não me perder.

Quando chegamos ao carro, ouço a canção no rádio e peço ao motorista que a aumente. Não sei o que ela está a cantar mas sei que esta canção estava na série que Louis e eu assistimos. Esta foi a do terceiro episódio, quando Maja estava a recordar Amanda. Lembro-me de como Louis olhou para o lado com lágrimas a correr-lhe pela cara abaixo.

O que ele não viu foram as lágrimas que também caíram dos meus olhos.

Essa cena foi uma cena tão triste e nunca tinha visto uma série que me fizesse sentir tanto antes.

Toda a série apenas traz tanta coisa à tona que o mundo precisa de falar mais, há tanta coisa a acontecer nela que não se consegue parar de a ver mesmo quando as coisas são horríveis.

Quase consigo sentir as lágrimas a acumularem-se nos meus olhos quando ouço a canção lenta, a música e a voz estão cheias de tantas emoções."Quem é este cantor? Ela é tão talentosa". Pergunto à condutora quando a canção está quase a acabar.

"Esta é Molly Sandén, penso eu. Não conheço muita artista mas a minha filha toca a sua música a toda a hora". O condutor responde, ele tem um sorriso no rosto quando fala da sua filha.

Faço uma pequena nota mental na minha cabeça para lembrar o seu nome, para poder ouvir mais da sua música. Talvez até lhe enviar uma mensagem e dizer-lhe que a sua voz é uma das vozes mais belas que alguma vez ouvi.

Continuamos a conduzir por Estocolmo, quero chamar Louis, mas sei que ele está a praticar para ainda não poder responder. Estou na Suécia há três dias e só conseguimos falar durante alguns minutos de vez em quando, sendo difícil estar longe dele.

Tenho saudades de falar com ele e de ser apenas eu próprio, não tendo de me preocupar com o que o mundo possa pensar de mim.

As pessoas continuam a perguntar sobre nós quando tenho entrevistas, eu apenas sorrio e digo-lhes que Louis é óptimo, não dizendo se ele é meu namorado ou não... Não quero dizer algo oficialmente, não sem saber que o Louis não tem problema em chamá-lo assim.

Odeio rótulos... não podem gostar um do outro, e querer estar um com o outro sem ter de colocar rótulos? Não podemos ser apenas Louis e Harry?

"Não vamos ter tempo de parar em lado nenhum para nos sentarmos no restaurante para comer, por isso vamos apenas comprar algo que se possa comer rapidamente". Ouço a senhora que está sentada ao meu lado, penso que o seu nome era Jennifer mas, sinceramente, também poderia ser algo completamente diferente. Não conheço nenhuma destas pessoas mais do que talvez uma, uma que normalmente anda por aí ao fundo, no Reino Unido. Nunca sequer aprendi o seu nome.

"Não faz mal, arranja-me só algo que me encha o estômago, por agora". Resmungo, já não me preocupo mais...

Eles apenas me mandam para lugares sem realmente me darem qualquer informação sobre o que vai ser feliz. Eu sou apenas o boneco com que eles brincam até aparecer a próxima coisa brilhante.

Pego no meu telefone e olho para o ecrã do cadeado. Sem notificações, não que eu estivesse à espera de alguma. Não tenho quaisquer notificações sobre nada mais do que simples textos e coisas do género. As pessoas não me enviam mensagens por SMS porque querem manter tudo no twitter... ao ar livre para que as pessoas também possam reparar nelas.

A fotografia do Louis faz-me sorrir, ele fica tão fofo nela.

Ele segura aquele maldito copo de vinho tinto daquela noite, o mesmo vinho tinto que estava no meu copo naquela noite, que mais tarde, naquela noite, acabou no chão.

Lembro-me então de algo que ele disse naquela noite, algo que me ficou preso. Abro a conversa e sorrio quando vejo o último texto que ele me enviou.

De Louis:Vou praticar, mal posso esperar que volte para casa para podermos vaguear por Londres à noite.

Não consegui responder-lhe antes de ir para a minha "reunião", se é que se pode chamar-lhe isso.

As luzes piscam do lado de fora da janela do carro e lembro-me daqueles passeios nocturnos que fizemos, aquela vez que nos leva sempre ao café à noite.

Para Louis:Louis, queres ser o meu erro?