Anjos da Neve [Larry Stylinson]

25

Não sei como acabámos aqui outra vez, mas de alguma forma acabámos. As estrelas são ainda mais bonitas desta vez do que da última vez, provavelmente porque o ar frio está a fazê-las parecer muito mais brilhantes. Não há nuvens a cobri-las.

Ali, na berma da pequena estrada onde nos deitámos da última vez, estamos deitados juntos apenas a olhar para o céu e para as estrelas que provavelmente morreram há muito tempo, sem que ainda tenham chegado à terra.

O silêncio rodeia-nos, o único som que vem do vento a agarrar as árvores à nossa volta, o som das folhas a cair lentamente no chão... já não falta muito até que a primeira neve atinja o solo do Reino Unido.

"Estás nervoso? Ouvi dizer que tem um concurso a chegar em breve.... Porque não me falaste disso antes?" O Harry quase parece triste porque eu não o fiz... Tento afastar o sentimento de culpa, sei a razão pela qual não lhe contei, não queria que ele soubesse.

"Não é uma grande competição, uma espécie de coisinha amigável para começarmos todos para a época." Resmungo, não lhe mostrando que as suas palavras me afectaram... ou não realmente as suas palavras, mas o tom que a sua voz tinha quando deixaram os seus lábios cor-de-rosa.

"Parece divertido, aposto que vão ganhar..." Ele diz e vira-se para olhar para mim com aqueles lindos olhos verdes... Gostava que fosse como nos livros ainda estivessem no escuro se pudesse ver a cor dos olhos de alguém, mas na realidade não é outra luz que a da lua e das estrelas, por isso tudo é apenas tons diferentes de cinzento e preto.

Mas conheço a cor deles, imagino-os ali a iluminar todo o seu rosto quando ele olha para mim.

"Provavelmente... devias vir." Digo, estou tão inseguro das minhas próprias palavras, mas apercebi-me de algo mais cedo... Não posso negar o quanto quero estar com o Harry, por muito que tente, acabará sempre por ser demasiado fraco para o deixar ir.

Então, porque deveria eu lutar contra o sentimento quando posso simplesmente deixá-lo tomar conta?

A música do carro do Harry está a tocar suavemente no fundo, fazendo-me querer ficar lá para sempre.

Quero fazer uma pausa neste momento, ficar congelado no tempo aqui mesmo até ao dia em que eu der o meu último suspiro.

"Adoraria isso." Sorrio quando Harry responde que sabendo que talvez isto funcione, talvez eu não seja o namorado de Harry Styles... apenas talvez eu ainda possa ser eu... Pensamento desejoso.

Ficamos lá até ficar demasiado frio para nós os dois, só depois decidimos que provavelmente devíamos tentar obter algum calor... por isso vamos para o único lugar que de alguma forma parece um lugar seguro para ser... a cafetaria.O único som no caminho para lá é o motor do carro e o rádio.

And if your homesick, give me your hand and I'll hold it.

People help the people.

A mão de Harry está na minha perna fazendo-me sentir seguro, como se nada me pudesse magoar.

A forma como aquece a área onde se encontra faz-me sorrir um pequeno sorriso. Já namorei pessoas antes, mas nunca ninguém me fez sentir como Harry... será que estamos sequer a namorar? O que somos nós?

Quero perguntar-lhe, mas quando não tento nada que saia da minha boca, tenho medo da resposta.

Harry estaciona apenas a um pequeno passeio da cafetaria, não quero deixar o calor e o conforto do carro quando ele o fizer.

"Podemos ficar aqui sentados por um bocado?" Harry pergunta como leu os meus pensamentos e eu apenas aceno com a cabeça em resposta.Então ali sentamo-nos no carro que está desligado a olhar para o parque de estacionamento vazio. Há uma diferença tão grande em relação à quantidade de carros que normalmente estão aqui durante o dia.

Deixo a minha mão agarrar a dele e brincar com os seus dedos longos, são tão diferentes dos meus, uma boa diferença porque encaixam tão bem com os meus.

É como se o tempo não existisse quando estou com o Harry, como se tudo parasse ou abrandasse quando nos tocamos.

"Estás com ótimo aspecto esta noite, eu ia dizê-lo quando te apanhei mais cedo mas a minha mente não conseguia processar como dizê-lo ali mesmo e depois." As suas palavras fazem aparecer um pequeno blush nas minhas bochechas, não pensei que alguém me pudesse fazer sentir como um adolescente... Sou um homem adulto, mas aqui estou eu a corar como um louco.

"Tu próprio não pareces tão mal" murmuro e sinto-me envergonhado com o facto de ele me fazer sentir assim.

"Oh, é assim". Ele ri-se, quando o encontrei pela primeira vez nunca o vi assim. Lá na pista de esqui ele parecia tão diferente, que não parecia tão confiante.Ele parece tão seguro sobre o que dizer do que eu... Estou perdido aqui.

Lá atrás estávamos no meu lugar seguro, o lugar onde eu sabia o que estava a fazer... mas isto, o que se passa entre nós é diferente, eu nunca tinha feito isto antes...

Como pode ele estar tão confiante sobre tudo isto? Porque não posso estar tão confiante como ele?